Como fazer um blog "às cegas".



No passado dia 20 de Outubro este blog comemorou 6 anos de existência. Numa era em que tudo muda tão depressa, nem sei dizer se é muito tempo ou se é pouco. Garantidamente sei que é muito mau, o que me provoca uma sensação estranha quando olho para o impressionante número de visitas que este blog foi acumulando ao longo dos anos. O que só prova que há muita gente desocupada ou que acabou agora mesmo de pendurar a roupa na corda. Abandonei-o junto a uma floresta de blogs mais do que uma vez, mas aparentemente voltou sempre a encontrar o caminho dos leitores. Porquê?





É que sem querer fizeram desta coisa um organismo vivo, que me obriga de quando em vez a vir aqui e escrever mais uma porcaria qualquer, como quem alimenta um monstro a óleo do motor, depois deste fazer mais 150 mil quilómetros, só porque enfim, não morre o raio do bicho. No fundo, no fundo já nem sei se quero que morra só para ver até onde isto vai, e se por acaso passa no drive through do McDonalds para deixarmos lá uma bombinha de mau cheiro.
Quando olho para trás, até consigo emprestar algum carinho a um dos posts mais inflamados deste blog: Uma ida à Escola de Formação, de 6/1/2010. Carinho pelo que despoletou, vergonha pela forma grosseira com que o escrevi, aliás meu apanágio em muitos, e muitos posts. Lá está a reafirmação da estranheza: porque raio alguém lê este blog?
Mas o carinho, este fica para sempre, ou não fosse aquele preciso post que me tornou amigo do Filipe Rocha, o Director da Escola, ou do João Couto, ou do Carlos Picanço. Mais do que isso, aquele infame texto, portador de algumas verdades, tornou-me para sempre simpatizante da Escola e das suas iniciativas. Repare-se no que a carta e serviço evoluíram em 6 anos? É subjectivo? É. Tal como este blog o é. Ninguém me obrigou a falar mal, da mesma forma que agora ninguém me obriga a falar bem. E objectivo, como um ovo é redondo é o facto que o 10 Fest, o maior festival de gastronomia dos Açores, já ir para a sua 5ª edição. E no ano passado realizaram o excelente Gastronomia Viva, com um punhado de chef's fabulosos, e que este ano deu lugar ao "às cegas" um conceito encantador, que tem um potencial enorme, e que levou os convivas a jantarem em 4 lugares surpresa, num misto de chef's locais com chef's nacionais. Foram ao Mané Cigano, ao Chá da Gorreana, a uma Estufa de Ananás, e à sala de química do Liceu. Nas palavras do Filipe, que subscrevo na totalidade foi: 
- Brutal. 
Pelo meio, ficam as muitas iniciativas da Escola para promover a gastronomia dos Açores, nunca esquecendo o seu papel formador, debitando alguns chef's de qualidade que vão ocupando o seu lugar na industria com algum destaque. 

Nunca na vida falar mal me correu tão bem, e foi tão bem recebido. Não estou a dizer que o tal post serviu para o que seja, à luz de todo o trabalho feito e energia despendida por todos na Escola. Aliás até ficaria mal tentar-me agrafar ao que seja. O mérito é todo da Escola e daqueles que nela trabalham e todos os dias fazem acontecer por ela. Eu remeto-me ao papel de observador, que foi o que fiz desde o primeiro dia, e o que observo daqui é uma evolução gigante num tão curto espaço de tempo. Filipe, onde é que isto vai parar?

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