Ando nisto dos blogues há já algum tempo. E como o meu patrão, que é um homem bonito, alto e de olhos verdes, me paga para trabalhar a comunicação dos nossos clientes lá vou sendo obrigado a perceber umas coisinhas do assunto, que vou aprendendo a muito custo por manifesta inépcia intelectual.
Fala-se muito no storytelling como uma forma eficaz de vender um produto ou serviço. E é verdade. Nada como entusiasmar o consumidor com uma história envolvente, quase mítica, onde o produto sem ser o protagonista, é uma peça importante do puzzle.
Storytelling é o resultado directo do facto de termos que etiquetar tudo. Mesmo as coisas mais idiotas. Desde que Moisés abriu, aparatosamente, um trilho pedestre num rio, dividindo-o em dois, que o storytelling existe. Agora é mais fácil vender a um cliente que vou aumentar as vendas através do storytelling do que a dizer que vou fazer uma coisa parecida ao que o Moisés fez. Mas tal como Moisés, tudo se resume a uma questão de talento. E quem tem talento para o storytelling, não precisas de agências, nem de nomes pomposos em inglês. Fá-lo por instinto.
É o que o Michael do Colégio 27 faz. E tão bem que ele faz.
O Colégio reabriu para o Verão. A ementa vai variando conforme os produtos frescos que eles encontram e o ambiente é ótimo como sempre. Até aí, tudo bem.
A partir do momento em que me contam que o Atum que vou comer é apanhado pelo Michael já sabia que não havia volta atrás. Estava engatado.
Como o Michael? Aquele Michael que vejo a tocar saxofone e a beber copos no bar?
Aquele, o sueco, com aspecto cosmopolita que estudou música em Nova York? Esse Michael?
- Sim.
Esse mesmo Michael vai com mais uns homens às 6 da manhã para o mar apanhar atum, enjoado até às orelhas e porque não dizê-lo borrado de medo.
- É este o atum que vais comer hoje.
E que belo atum, o melhor que já comi. Pelo menos confeccionado. Com legumes salteados e um molho de piri piri mesmo no ponto.
Saí maravilhado. Agora se o meu patrão descobre que o Michael faz melhor storytelling que eu, estou perdido.
E o que sobra, diz que vende para a Suécia e Japão.
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