Al pont de ferr, Milão, a refeição do ano de 2012. Como isto anda para 2013 prevejo Maurício dos cachorros.

Tal como prometido, vou agora desvendar dos restaurantes da Europa e da América em que mais gostei de comer em 2012. Não sei como terá o caro leitor gerido a tamanha ansiedade até à colocação deste post online. Mas quem aguenta o suspense até ao próximo comunicado do governo, aguenta quase tudo. Para quem queira ver os resultados dos Açores e Portugal basta visitar o post anterior. Afirmo desde já, não vale a pena perder muito tempo com isso. Se Lisboa é previsível, Açores é morbidamente previsível. Porém, é lá que poderão encontrar os critérios que construíram a minha avaliação. Queria ainda deixar a nota que esta minha avaliação apenas permite comparar restaurantes nos quais jantei efetivamente, pelo que desde já declaro que não serve para porra nenhuma para além do deleite de me ter apercebido o quão bem comi em 2012. Um autêntico ano vintage no que a javardice diz respeito. Roma Comi muito bem nas três cidades italianas em que estive. Roma teve a melhor média, pese embora é a cidade mais complicada de entrarmos no verdadeiro tecido gastronómico. O melhor foi o Gaetano Costa, que anda a cheirar a estrela Michelin. Perto do que vi no Belcanto, que vá treinando as fossas nasais, pois ainda tem muito que cheirar, mas o jantar foi muito bom. Mesmo em frente fica o clássico Girarrosto Fiorentino que é uma espécie de Gambrinus de Luis Anton Ego em Roma. Logo numa rua acima, na Via Lazio comi numa Osteria que se tornou inesquecível por me ter dado a provar o meu primeiro carabineiro cru. Também comi uma massa muito fina, com um dos melhores camarões que já provei na vida. Florença De fato, se África será o berço da humanidade, Itália será o berço da civilização gastronómica. Por pior que se coma, nunca se come tão mal como noutro país qualquer. A Osteria Café Italiano foi uma experiência memorável. Só comi coisas simples, mas foi neste restaurante, que me fez perder horas nas ruas de Florença, até o encontrar, que comi o melhor molho de tomate que já provei na vida. Como tal valeu cada bocadinho de borracha que os meus sapatos gastaram para lá chegar. Também comi bem no restaurante do Hotel Cavour. Nada de especial a assinalar a não ser a trilogia de carne, ideia que importei, e já fiz e refiz várias vezes. Nota para o número gigante de restaurantes com recomendações do Guia Michelin em Florença. Milão, foi a cereja no topo. Al Ponte de Ferr, 1 estrela Michelin. Ambiente, serviço, comida, inesquecível. Para mim, o melhor do ano. O giro é que apesar da estrela, o serviço e mesmo a decoração eram de taberna. O melhor do informal com a formalidade e criatividade de uma cozinha de exceção. Para fechar: Nova York, a cidade onde se come, em média, melhor comida europeia do que na europa. Comi em muitos lugares memoráveis, não me esqueço do hambúrguer de 1 estrela Michelin no Minetta Tavern. Mas o que não me esqueço, mesmo que viva mais 120 anos, deixando já a nota de por favor, levem-me mais cedo, foi o choque da adrenalina que levei ao entrar no Babbo. Um ambiente simplesmente fervilhante, dezenas empregados de um lado para outro, como se soubessem exatamente o que estavam a fazer, coisa que duvido. Música rock aos berros, vinho, vinho, vinho, comida, comida, comida. Parecia que tinham posto cocaína no pão e o pessoal estava a modos de queimar a roupa e fazer amor em cima das mesas. Juro, transpirava a sexo e cheguei a pensar se seria seguro estarmos a jantar ali, ou se aquilo se tornaria num ritual satânico de um momento para outro. Estou aqui para contar a história, ou parte dela, mas muito sinceramente mais não consigo dizer para além de um simplesmente fabuloso. E esta é a minha humilde lista de 2012. Com esta crise, cheira-me que a de 2013 irá contemplar a restauração da Lagoa, Ribeira Grande e pouco mais. Isto se entretanto a gasolina não aumentar.

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