Guia Michelin Portugal 2013, ou quem terá ficado com a maior dor de corno?

Não há como dar a volta, o famoso guia vermelho alimenta-se da polémica, e qual eucalipto seca tudo o que está à volta. Sejam outros guias, críticas, críticos, sejam os próprios chef’s que as tentam conquistar. Esta ambiguidade nasce da natureza e subjetividade humana. Detesto quando o meu clube perde porque o árbitro anulou um golo limpo, mas o futebol não teria a mesma graça se fosse o resultado líquido de chips, leituras electrónicas e plataformas digitais. Bolas, não teria a mesma graça chamar filha da puta ao árbitro. Vejamos, qual o gozo de dizer: filha da puta do chip electrónico que invalidou um golo porque detectou um fora de jogo que ninguém viu? E o Guia Michelin, em particular, consegue atingir um nível de filha da putismo, que mais nenhum guia consegue atingir. E eu gosto disso. E quer se queira, quer não, por mais pontapés que os Marcos Pierres Whites dão no gorducho homem pneu, a verdade é que o guia continua no top of mind e no top of the game e o Marco anda a fazer anúncios para a Knorr. Essa é que é essa. A pressão sobre os chef’s é incomensurável e neste campeonato não há férias de Verão, Natal, nem sequer há pré épocas, ao fresco, na Suíça. Há jogos todos os dias, e ninguém se queixa, se a noite correr mal, que estava muito cansados porque jogaram ontem ou anteontem. Este campeonato não é para jogadores de futebol ou flores de estufa, é para homens feitos. Homens como o Aimé e o Avillez. Fazendo contas a este campeonato particular, dentro do panorama português, não posso deixar de me surpreender, como se surpreender fosse fruto da surpresa em si, que o Tavares tenha perdido a sua estrela. No ano de passagem de testemunho (do Avillez para o Aimé), normalmente perde-se a estrela, mas Aimé manteve-a. Estranho. No ano de consolidação e creio também do reconhecimento do grand Chef que é o franco português, perde-a. A apostar totomichelin diria que estaria mais perto da segunda, do que de perder a estrela. O cruel disto tudo é que parece que os inspetores foram lá buscar a estrela, atravessaram a rua e foram pô-la à porta do Belcanto do Avillez. Não se faz. Que o Avillez tenha ganho uma muito merecida estrela, não me faz qualquer comichão ou alergia alimentar. Já tive oportunidade de provar quase toda a ementa do Belcanto e é irrepreensível. Pode chegar a mais? Creio que sim, mas se for para ir tirar a alguém que a merece uma estrela para dar ao Belcanto, deixem-se estar. No total são 11 estrelas para Portugal. Diria que parece que disto não passamos e como tal não se denota um avanço particular a gastronomia portuguesa no dito guia. A razão principal? A mesma de sempre, falta de massa crítica. Quantos guias Michelin se vendem em Portugal? Quantos guias de vendem em Espanha? E França? E Nova York? E Tóquio? Se existisse uma primeira divisão na gastronomia, diria que estaríamos na terceira ou mesmo na distrital. Mas estará este fato intrinsecamente ligado à qualidade e criatividade dos nossos chef’s? Não. É divertido isto de torcer por um clube pequeno. Não ganhamos nada, mas sofremos e torcemos pela nossa equipa mais do que todos os outros juntos. Parabéns Avillez e o árbitro é um filha da puta. Lista completa aqui.

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