O fim da triologia: Tavares Rico Vs Gambrinus














Este é um combate desigual. No entanto, tem muitos mais pontos de interesse do que uma luta entre dois super-heróis. Ao contrário de um jogo que promete muito, e depois é de um equilíbrio tal, que perde graça, como o pingue pongue disputado por chineses, este é um caso: Super Chef José Avillez contra a besta negra que é o Gambrinus. Quer num, quer noutro, sinto-me a entrar num clube, e o desfecho é imprevisível. Nem eu sei neste momento como vai acabar. (Como isto é gravado, se calhar já viram nas notícias)
De luvas de boxe nas mãos, o que é complicado, que me perdoem os erros, rapidamente chegamos à conclusão que são dois dos restaurantes mais caros de Lisboa. Pese embora, pague mais para comer bem no Tavares do que na Besta Negra.
Como um bom e emotivo combate começa com surpresas, vai que L.A.E curte muito mais o serviço do Gambrinus, não sei se por ter ido lá mais vezes ou não, a coisa ficou muito informal, mas sempre com um alto nível de serviço. Já no Tavares, o serviço é ultra competente, mas frio como o excelente gelado de poejo que servem. É injusto comparar as coisas assim, mas bem, isto é televisão.
Mas pronto, mesmo assim é injusto porque o Tavares, que tem, merecidamente, uma estrela Michelin, está rounds e rounds acima do Gambrinus. Do ponto de vista de criatividade, técnica, execução é soberbo. E muito up to date. No outro dia, fora de Portugal, encontrei um livro, com referência aos 100 New Chef’s, recomendados por 100 Celebrated Chef’s e o Avillez estava lá, apadrinhado pelo Ferran Adrià. Precise ou não, não digo mais sem uma refeição grátis.
O meu pecado foi não ter conseguido entrar no amuse-bouche de azeitona tempura. Achei insípido. Repito aqui, como o disse lá e escrevi num papelito a que deram a honra de L.A.E escrever seus pensamentos: Insípida aquela coisa. A palavra tornou-se um mito. Se L.A.E também, só lá voltando para saber.
E vou voltar, claro. A porta abre-se, largamos os casacos e damos de caras com uma sala sumptuosa, que respira a aura de 1784, o ano de abertura. Até tremo ao escrever.
O equilíbrio na carta, entre a audácia e a tradição, chega a ser enervante. (L.A.E tem sempre inveja das grandes ideias).
Derreter-me em mais elogios, àquele que provavelmente é a melhor cerveja do mundo, pelo menos em Portugal, parecia mera sabujice. (Enviei o Post do Alma Vs Chakal, ao Henrique. Não me valeu o jantar, mas valeu dois dedos de conversa e mais um jantar memorável. É Lucro.)
Depois do intervalo para os anúncios, vai que o Gambrinus entra com um directo de esquerda onde me sinto bem, onde repetidamente gosto de voltar, com uma simplicidade de ementa, de lógica e uma eterna exuberância de frescura em todos os ingredientes que usam e que se nota em tudo o que servem.
O diabo não precisa de escolher, porque o Chef José Avillez já levou a bicicleta e está quase no Cais de Sodré. (É perto). Mas adoro ambos. Um directo para o Guia Michelin, outro directo para o Guia dos Comensais que vão para casa muito satisfeitos.






Comentários

  1. Meu caro amigo, comer e cocar basta começar.
    O mal esta feito, gostas de saborear o que comes e comer é uma corrida contra o tempo.
    Contra o palato e contra a oferta, daqui por diante só te resta as tascas que ninguém sabe que lá se confeccionam esta ou aquela iguaria, só tu o podes descobrir, depois dos 2 melhores restaurantes não te resta mais nada.
    Lembro me do Gambrinos ao lado dos Bombeiros onde tinha cativi um bengaleiro para capaçete e saco saido do quartel para fazer retratos na baixa Pombalina com uma prança de A3.
    De regresso depois de alguns retratos, um devido repasto ao balcão do gambrinus sentia o culto ao palato e as provas de alguns vinhos a realçar os condimentos e paladares.
    Mas o que não me espanta é que o Gambrinus é um decidente do Tavares Rico se não me falha a memória.
    Moral da historia a cozinha ou é aprendizagem nos pratos quentes ou nas escolas.
    Que tal deixares-te surpreender com uns amigos a cozinhar!

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  2. Caro anónimo, muito obrigado pelo insight do Gambrinus ser filho bastardo do Tavares, que me parece muito credível. Quanto a tascas, por acaso está pensado fazer uma interessante. A Tasca da Esquina do Chef Vitor Sobral contra A minha tasca preferida. E quem acaba assim, não só me conhece e também não é gago. Vamos a isso. Só levo o caderninho de notas.

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  3. Nem a propósito, recomendo-te a crítica da Timeout (desta semana) ao Tavares Rico.

    Manolas

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  4. Então não se fala da restauração local, para ver se a coisa evolui pela positiva

    Anónimo "bem conhecido"

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  5. queres é jantares á pala xulo

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  6. É ver o último post sobre o Cais 20. Quanto ao último anónimo, não conhecido, nada a acrescentar.

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