Bom e barato não temos, mas se quiser um sushi clister arranja-se.

Comer gato por lebre é assim tão mau? Eu, que mesmo no inverno, vivo despido de preconceitos relacionados com comida, diria que não é assim tão mau, desde que seja confeccionado com alma e técnica. E no fim das contas, o pior não é pagar gato por lebre, porque feito com alma e técnica o gato valerá tanto como a lebre, tal como uma carne de terceira poderá valer tanto como uma carne de primeira. O único sentimento menos positivo/construtivo poder-se-á prender com o fato de comermos efetivamente gato por lebre. Eu não quero comer gato por lebre, nem gosto muito que me induzam. A comer, como de vez gato, de forma assumida e frontal, tal como gosto de levar tudo na vida. Para mim, é apenas neste ponto que toda a lógica do gato por lebre colapsa sobre si própria, nunca enjeitando, porém, o fato de poder comer gato e gostar. O mesmo se passa com toda a polémica à volta da carne de cavalo, que registe-se como não sendo assim tão má, aliás melhor saberá quanto menos me lembrar do Jolly Jumper ou do Garfield ou de qualquer outra celebridade cavalo ou gato, respectivamente. O mal está em tentar enganar. E que se desenganem os mais preconceitosos que pensam que nada de delicioso se poderá cozinhar com cavalo ou gato, ou outra espécie qualquer mais habituada a outros habitats que não uma panela ou frigideira. • Daí a 59% do atum que é consumido na América não ser de fato atum, ou 84% do Atum branco ser de fato escolar não será exatamente o mesmo campeonato do gato por lebre. Ao que saiba, e literalmente, cavalos é o que não falta para aí. E as lebres não serão propriamente uma espécie em vias de extinção. Mas já os bancos atum estão praticamente falidos em tudo o mundo. Não sei até, se aqui nos Açores não teremos um dos bancos mais sólidos e com maior riqueza. A razão é simples a nossa pesca é artesanal e considerada como sustentável. Pronto, e isto deixa-nos à porta de um restaurante de sushi, “all you can eat” por 9,5 euros. Se partirmos do princípio sensível que cerca 74% dos restaurantes de sushi são mais acessíveis, sendo 26% os considerados mais caros. Se a isto juntar o fato que 74% de todos os restaurantes de sushi, caros ou baratos, vendem um peixe qualquer como sendo atum, ficamos no limiar muito próximo dos 100% de restaurantes de sushi baratos a venderem-nos gato por lebre. As contas são fáceis. Seja para provar o mau peixe que comemos em restaurantes baratos, sem escrúpulos ou qualquer sentido de ética, seja para provar que é impossível praticar aqueles preços com peixe sustentável, fresco e nutritivo. Os dois concorrem para o mesmo princípio. E o mal não está em eles quererem vender gato por lebre, o problema é estarmos tão esfomeados de querer o bom e barato que nos esquecemos que essa, infelizmente, é uma premissa quase impossível nos dias de hoje. Graças a Deus que em Portugal, pelo menos, o peixe manteiga ou o escolar (embora cientificamente não esteja convencido que são o mesmo) é vendido sem qualquer engano. É sustentável, é barato e como tem algumas dificuldades gástricas a nível do metabolismo a sua carne tem um sabor extraordinário. Mas atenção! Muita atenção glutões e lambões: comer muito mais que 170 gramas de escolar pode ser perigoso, pois provoca uma caganeira descontrolada. Ou seja, quem se lixa é sempre o mexilhão. Ou porque come gato por lebre, ou porque quando aceita comer gato e até o acha delicioso, este dá caganeira. Ora bolas.

Comentários

  1. Bem, agora percebo porque razão tive de ir buscar uma lupa para encontrar o sashimi de atum do Colmeia take-away. Aproveitei que a lupa estava à mesa e usei-a para melhor encontrar as restantes peças :p

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  2. Tamanho e peso não são tudo na vida. Mas se por acaso forem, resta-nos o conforto de saber que temos o Musaxi.

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  3. Boa tarde, onde posso encontrar peixe manteiga? Estou farto de procurar em todo o lado e não o encontro. Obrigado desde já pela ajuda.

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