Salada Carlos César

A vida dá muitas voltas” parece-me um bom lugar comum para explicar que nunca pensei vir a escrever este post. Mas ele como que se escreveu. Pior que evitar a natureza de forma artificial é insistir na teoria do nunca, quando devemos, isso sim, partir sempre do pressuposto do nunca digas nunca. 
E de fato a uma salada césar, eu nunca digo nunca. A fusão de elementos tão básicos como ovo, azeite, anchovas, mostarda, limão e parmesão cria uma das saladas mais icónicas do mundo. 
Como é que num ato tão prazeroso de comer uma salada César me fui lembrar de uma coisa destas, só Deus sabe. Mas a verdade é que me parece que Carlos César merece esta pequena e singela homenagem. Antes do mais, gostava de avançar que este post é totalmente apolítico, não pretende angariar votos, vontades, ou predilecções. Não se destina a criticar ninguém, ou munir com argumentos que partido seja, contra outro partido qualquer. É apenas uma singela homenagem, que parte de um ponto de vista único: a mesa. E à mesa, não há partidos, há gente. É para esta gente que eu escrevo.
Carlos César, foi durante 16 anos o Presidente do Governo Regional dos Açores, fez coisas muito boas, boas, menos boas ou mesmo más. Não me compete a mim julgar, pois não tenho competência para tal. A mim, apenas me compete apreciar o cargo de considerável responsabilidade que ele ocupou durante 16 anos e as enormes dores de cabeça que possam ter advindo de tal comprometimento.
Normalmente, a forma de prestar esta homenagem é construindo uma estátua, ou batizando uma rua com o seu nome. Coisas que neste blog não sabemos fazer muito bem. Nós é mais bolos.
Daí ter pensado e se criássemos uma salada Carlos César? Onde se substituiria o tradicional frango, por uns, bem regionais, chicharros. Neste caso chicharros fumados.
Digam lá se não seria interessante, ainda por cima sem qualquer tradição a nível de saladas, encontrarmos em todos os restaurantes que servem bife à regional, uma salada Carlos César?
Há toda uma história que se poderia montar à volta desta salada, como por exemplo, um banquete que foi dado no Palácio de Santana, em que um renomado e inspirado chef criou esta salada, com um toque regional e que agradou de tal forma a Carlos César, que passou a ser ele próprio a fumar os chicharros, como forma de descontrair, entre os grandes compromissos políticos. 
Poder-se-ia contar que uma vez, a altas horas da noite, num serão de trabalho lhe deu uma inesperada fome e não lhe apetecia outra coisa que não uma Salada Carlos César.  Como não haviam chicharros fumados em Santana, foi ele próprio a Rabo de Peixe falar com o Mineiro para este lhe dispensar uns quilos de chicharro para ele próprio fumar. Eram 5 da manhã. O Mineiro não tinha chicharro ou qualquer outro tipo de peixe. Carlos César não se fez rogado, atirou-se para um barco de pescadores, que estavam mesmo de saída. E foi com as suas próprias mãos que apanhou o chicharro, que depois fumou e compôs a Salada Carlos César, ainda a tempo de uma sessão no plenário onde se iria discutir preliminarmente o orçamento para o ano seguinte. É ou não é de grande estadista oferecermos nós esta humilde homenagem? O homem que até à bem pouco tempo era o nosso chefe, o presidente do governo regional e sem sombra de dúvida um dos fumadores de chicharro mais experientes da região. 
Publique-se no Jornal Oficial: Criemos a Salada Carlos César.

* Na foto, Carlos César explica a forma correta de se fumarem os Chicharros.

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