Então e pagam ao Chakall para fazer esta refeição?

Foi esta a pergunta que fiz à hospedeira, num voo que fazia de Ponta Delgada para Lisboa, a mesma que devia ter feito quando voei em executiva de Boston para Ponta Delgada e Vice-Versa. Aliás, uma pergunta que devia ter feito sempre que fui “empurrado” a viajar em primeira classe com milhas, por falta de lugar em económica, porque dinheiro para estes luxos não há. E mesmo que tivesse muito dinheiro jamais gastaria um cêntimo para viajar em executiva e comer uma refeição preparada pelo Chakall, desde que é o “Chef” da companhia aérea SATA. Muito pelo contrário, para eu servir de cobaia deste suposto “Chef” tinham-me que pagar e muito bem, e mesmo assim, pedia 48 horas para fazer uma profunda reflexão: é este tipo de merdas que quero para a minha vida? Reparem, eu sei perfeitamente que não é o idiota do pseudo “Chef” argento português a confeccionar a comida. E será, provavelmente, uma empresa de catering igualmente muito incompetente. Porém, há erros, como os que observei, que não são da responsabilidade da confecção, mas sim da concepção. O homem do turbante sabe que a refeição será aquecida. Suponho. Ora se sabe isso, porque serve fritos, que só funcionam quando consumidos na hora? O peixe, tem tantas formas de ser feito, em papelote, ao vapor, cozido, grelhado, assado, cru, eu sei lá. Porém, em duas das cerca de 5 viagens que reporto, ou seja, quase 50% das vezes serviram-me peixe frito/panado. Perde a crocância, enjoa a óleo e pior que tudo, não sei o que fazem ao peixe que vem lá dentro, porque parece peixe seco. Eu era capaz de apostar que era bacalhau seco, mas disseram-me que era abrótea. Ou seja, pior ainda. Nessa vez, por cima, tinha uma coisa que me parecia um tapenade de azeitona, ao provar pensei que era um puré de cebola caramelizada, mas era doce, muito doce, horrivelmente doce, que chegava a tornar-se abrasivo. Já tive oportunidade de escrever sobre a gratuidade com que o Chakall usa o doce. Por exemplo, no outro dia no Pedro e o Lobo, o puré de couve flor era adocicado, que funcionava muito bem com o salgado das ovas de peixe galo e peixe voador. Já o outro é só um banana, que junta salgados e doces de modo aleatório, ao contrário de uma decisão pensada, conceptualizada e experimentada, com bom senso e criatividade. Mas o rol de problemas não acaba aqui. De entrada lembro-me de uma tentativa frittata falhada e de uma sobremesa em que o suposto crocante, colocado debaixo de um semi frio, era uma papa. E digo mais, mesmo que alguns erros não possam ser imputados ao suposto “Chef”, se ele tem o mínimo de brio e sentido de responsabilidade devia acompanhar, de quando em vez, vá, o processo de produção para perceber se entre as suas “ideias” e “conceitos”, se é que lhes possamos rotular de “ideias” e “conceitos” com alguma propriedade que seja, e a produção não se está a perder algo. Quando viajo, não é à espera de uma experiência gastronómica, tenho consciência disso, mas sim de chegar ao meu destino em segurança e a horas. Mas ver o cuidado, o rigor e o profissionalismo que o Chef Vítor Sobral, por exemplo, emprega no trabalho que faz para a TAP faz-me pensar que tudo bem, não vou para ter uma experiência gastronómica, mas também não vou à espera desta porcaria. Garanto. Agora, é deselegante comparar um Chef, com um turbante falante. Por isso, as minhas desculpas ao Vítor Sobral. Já o Chakall não tem que pedir desculpas a ninguém. Cada um dá o que pode e a mais não é obrigado.

Comentários

  1. Muito bem dito vizinho! Mas queria acrescentar uma coisa: o Chakall não tem culpa! Ele pode auto-intitular de chef, de mestre de obras ou de ardina mas quem o contrata é que tem que ter a certeza do que está a fazer. Mais: ele nem sequer sabia onde ficava os Açores e foi contratado para mostrar o que de melhor que nós temos?!?!? Ele nem sabia distinguir um inhame de uma batata doce - e isso eu vi com os meus olhos - se aposto que ainda não sabe muito bem. Então não nenhum açoriano - de nascido/criado ou por simpatia - capaz de criar um menu?! Assim de repente veio à cabeça três nome. Quatro. Cinco...


    Um abraço e dá-lhe gás.

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    Respostas
    1. o Chakal (que raio de nome)está para a cozinha como o Baptista da Silva está para a economia e o Nicolau Santos para a isenção jornalistica.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Ehehehehehe.....e o Quim Barreiros para receitas de bacalhau.

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  2. Caro Vizinho, que honra vê-lo por estas paragens. Nem mais. Concordo, subscrevo e assino em papel de 25 linhas. Foi literalmente mais olhos que barriga. A nossa escola de formação faria muito melhor trabalho. ;)
    Abraço

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