E eu que nem tinha nada contra as lagartas e o fisco, até ter uma horta e um Vítor Gaspar.

Ontem retirei da terra os primeiros feijões. Entre o que o fisco nos leva e o que as lagartas comem, sobrou uma mão cheia de feijões produzidos na nossa micro horta. Como a pobreza é só um estado de espírito, o meu animou-se e muito com esta iguaria. Construí toda uma rede de possíveis emparelhamentos à volta do meu adorado ovo. Eis o que sabia funcionar na perfeição: - Com caviar. - Com feijão, favas (leguminosas maneira geral) E as surpresas que encontrei no foodpairing: - Maçã - Azeitonas. Este foi apenas um primeiro esboço, para o estudo de entrada para um jantar, muito especial, que vou realizar dentro de dias. O ovo foi cozido durante 5 minutos. Nem mais, nem menos. A gema estava mole, e a clara cozida na perfeição. De tal forma, que segurando a base do ovo e com muito cuidado, lá consegui remover a parte de cima da clara, mantendo a gema intacta. Falamos de um ovo, meia clara, gema inteira. Na base, para o ovo se aguentar em pé, fiz uma cama de azeitona preta picada. E por cima coloquei o caviar. Nota curiosa: a azeitona picada e o caviar são muito semelhantes na forma como se apresentam. Para a próxima, talvez os misture. À parte cortei rectângulos perfeitos de umas mini starking, que passei na frigideira com um pouco de manteiga, finalizando com um flambé, inflamado com Gin e reservei. Cortei cubos perfeitos de beterraba, que salteei com os feijões, a quem tinha escaldado e removido a pele previamente. Usei manteiga e azeite de trufa. O azeite aumenta a temperatura a que a manteiga queima, por isso protege-a. E a trufa, dá um toque terra aos dois ingredientes, e claro, liga com o ovo, como a liga, liga com a perna de uma bailarina can-can. Na hora de empratar vieram da horta umas mini folhas de tomilho limão e outras de poejo. O complicado foi mesmo chegar à ideia de apresentação, tantas haviam. No fim, penso que safei, razoavelmente bem, a coisa. Com os rectângulos de maçã promovi uma reta em zigue zague, passando ao meio um corredor de feijões. Em cima dos rectângulos de maçã, os vibrantes cubos de beterraba. E a acompanhar o corredor de feijões, as ervas aromáticas. Duas gotas de limão por cima desta salada e mesa. A prova foi muito interessante, principalmente porque todos os elementos funcionavam entre si. A harmonia era perfeita, soltando-se aqui e ali uma notas interessantes vindas principalmente da maçã, caviar e azeitonas. O ovo deu-lhe a untuosidade e volúpia que se esperava. Não sei se entra na ementa final, mas que ontem entrou muito bem, lá isso entrou.

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