What's Next?

Ainda ontem falava do pioneirismo americano, apontando o dedo à dupla personalidade da América. Costas com costas, o pioneirismo idiota e o pioneirismo que fez deste país o que ele é hoje. E que já foi muito mais, diga-se. Este é o exemplo de uma ideia pioneira, que não vai mudar um país, mas que pode mudar a forma como o negócio da restauração pode ser gerido e percepcionado. O restaurante chama-se Next, o nome não sendo o cúmulo da inovação, funciona muito bem a todos os níveis. Mas a verdadeira originalidade reside no fato de que neste restaurante não existem reservas, não podes aparecer e jantar se tiveres sorte, nem sequer há um número de telefone para tentares fazer o que seja. Tudo acontece pela página de internet deles. É aí que compras um bilhete, tal como se fosse um bilhete para uma viagem, ou para uma peça de teatro. O preço não varia em função da qualidade do lugar, mas sim em função do dia em que queres ir e com o tipo de emparelhamento de bebidas vais querer. Repare-se na inteligência dos co-proprietários Nick Kokonas e Grant Achatz (A Grant promessa da cozinha norte americana, 3 estrelas Michelin no restaurante Alinea), é dinheiro em caixa. Isto do ponto de vista da gestão é genial. Ainda antes de mexerem uma palha, já foram pagos. Mas mais, qual voo charter, eles têm um total controle sobre o que vai acontecer na sala. E a procura é tão grande, que encontrar um lugar vazio é tão complicado como por um defeito nesta brilhante ideia. Mesmo assim, o pioneirismo não se fica por uma original visão de gestão e gestão de reservas. Todo o conceito do restaurante soa ao que está por vir numa experiência gastronómica. O menu do Chef Dave Beron muda de 3 em 3 meses, propondo uma autêntica viagem no tempo e no espaço. O primeiro menu, de nove pratos, foi o Paris 1906. Um passeio inspirado pelos faustosos banquetes de Auguste Escoffier, o pai da gastronomia moderna. E sei que, neste momento, o menu viagem é ao mundo dos livros infantis, para de seguida revisitarmos a Itália do pós segunda grande guerra. É impossível a alguém que goste de cozinha ficar indiferente a isto. E pele de galinha descreve bem o estado em que escrevo estas linhas. Sei que estamos longe da invenção da máquina do tempo, mas se há uma proposta perto de lá chegar, é esta. Não é fácil conseguir uma reserva no Next? Sim, é verdade. Que é curioso um geek de computadores e internet ter mais hipóteses de lá comer que uma pessoa abastada? Sim, também é, atendendo ao funcionamento do sistema de reservas. É possível ir à lua por 130 euros? Sim, é. Se a viagem for feita no Next. Notícia/Crítica ao Next

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