Chuva de Estrelas? Se for nos Açores, não contem que sejam Michelin.

No outro dia numa conversa, pé de orelha, que não de porco, com o Filipe Rocha da Escola de Formação Turística e Hoteleira de São Miguel, perguntava-lhe se alguém poderia assumir um projeto de restauração que tivesse o objectivo de ganhar uma Estrela Michelin. Para ele, e sou obrigado a concordar: falta consistência. A quase todos os níveis. Mas quem sabe um dia? Falar desta bíblia, que não é mais do que um guia espiritual e pratico para a felicidade, quase exige confissão num restaurante com pelo menos uma recomendação Michelin, como nada disso temos por cá, ao contrário da Madeira, fica-me o prazer do último jantar do Aimé Barroyer no 10 Fest para ter a respeitabilidade de me perguntar, então porque não trabalhar para uma recomendação? Conseguir uma recomendação está a milhares de anos de luz de uma estrela, mas estruturalmente, para um deserto tropical como o nosso, teria muita relevância. Não é uma estrela, mas é um farol. Um restaurante com um autocolante desses na porta, vai ter mais crédito, mais visitas, mais cobertura mediática, melhores críticas, tudo melhora. Cartadas como os estabelecimentos Michelin são caros, estão a corte. A recomendação Bib Gourmand acolhe-se no conceito boa mesa a preços moderados. Aliás, no guia há restaurantes recomendados por menos €20. Em Inglaterra existem mais do que 133 estabelecimentos Bib Gourmand e a maior parte deles são Bistros e pasme-se Pubs. Mais. Em Portugal temos a média de uma estrela por cada 420794 pessoas, mas já no reino de sua majestade só há uma estrela por cada 532183 pessoas. Se aplicarmos a lógica reversiva em relação aos estabelecimentos recomendados, diria que Portugal deveria ter muitos mais estabelecimentos recomendados. Daí até aos Açores conseguirem tal reconhecimento será uma mera probabilidade estatística. Nem que fosse a reboque de uns bifes à regional, alcatra, arroz de lapas, cracas e cavacos. Deduzo, que se para se chegar a uma estrela Michelin são precisas 4 visitas de inspetores anónimos e para as duas 10 visitas no espaço de um ano, para ser recomendado entre uma a duas visitas bastarão. A questão é: se eles são anónimos, como me coloco neste mapa? Fácil. Como qualquer negócio do século 21, refém de fazer dinheiro, e com tal da novidade e prospecção, é ligar para eles e dizer que queremos ser avaliados. Podem não chover estrelas Michelin nos Açores, mas que acredito que existem 2/3 estabelecimentos que com pequenos retoques podiam lá chegar. Lá isso acredito. E até posso dizer quais são a quem me queira perguntar. O Caminho da estrelas e recomendações começa aqui

Comentários

  1. "Michelin is expanding to new markets to compensate for its declining influence in Europe, where it has lost readership to the Internet and the shifting demands of consumers who no longer want their tastes dictated to them. Michelin says it sells about one million guides a year worldwide, of which a growing proportion has been outside Europe."

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  2. Falta : C O N S I S T E N C I A.
    Eu até tenho curiosidade em saber quem nomeavas. Mas aposto que dos três pelos menos um serve comida aquecida do dia anterior!
    Ou seja, num dia é bom no outro é mais ou menos e a seguir.. Depende.
    Comer fora nos Acores é uma arte.

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  3. Sem dúvida Paulo. É arte que envolve critério, criatividade e uma pontinha de sorte. Ainda no outro dia discutíamos este assunto lá em casa, é uma espécie de Toto Restaurante.
    Mas como diz a música, se te safas aqui, safas-te em qualquer lugar. Até Nova York.

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