Wine Fest & Gourmet In Azores e a idade dos porquês?










Porque é que o Wine Fest está condenado a ser um sucesso aconteça o que acontecer? Porque se não saímos de lá tocados, saímos meio bêbados.
De uma forma ou outra, quem está anestesiado pelo álcool perde um pouco os reflexos, e a vontade manifestatória, ou se preferirmos o direito à indignação é substituído pelo direito de me encherem um copo até cá acima. E rápido.
Mas quem é L.A.E para se deter desta forma sobre um evento que evolve tantas pessoas, logística e barris de vinho? É o mesmo L.A.E de sempre. Qual a surpresa pode vir de uma pessoa que sempre gostou de uma entrada a matar? Diria que são fetiches próprios de quem ganhou o canal Liga Inglesa da Sport TV, mas perdeu a pornografia gratuita em espanhol no canal 18.
Verdade seja dita que o meu espanhol nunca mais foi o mesmo, daí o surgimento deste personagem que gosta de meter o dedo na ferida e noutros orifícios que se apresentem visíveis. Os que não se apresentem visíveis mas tenham mapa também entram nesta contabilidade.
Por isso, todos aqueles que já se sintam ofendidos ou visados com estas linhas, sim, porque por estas bandas o direito à ofensa vem logo a seguir ao de respirar, o melhor vai ser mesmo respirar fundo. Primeiro, porque nem tudo foi mau. Pelo contrário, houve coisas muito boas. A gastronomia deu boa conta de si e a maioria dos restaurantes portou-se bem, com boas ideias e conceitos, confesso que para surpresa de L.A.E, atendendo ao micro espaço de trabalho que podia servir de desculpa para tudo.
Aliás, pelo nível que vi, não percebo como este não se reflecte mais no dia a dia dos nossos restaurantes.
Veem como é tão fácil fazer com que L.A.E deixe de ladrar? Basta não fazer um movimento em falso.
Então o que é que pisou um galho seco, numa floresta em profundo silêncio no Wine Fest deste ano?
O interesse dos produtores foi como balão de oxigénio que se esvaziou do ano passado para este. Cerca de 50% do espaço, para não dizer mais, foi dominado por revendedores locais.
Até certo ponto não é mau. Assim estão a mostrar-nos onde podemos encontrar determinados vinhos à venda. Papel que o produtor poderia fazer na mesma, claro. Seria só dar um cartão de visita.
Agora o que o revendedor não pode fazer pelo produtor (pelos vistos) é perceber o que estão a vender. Então não é que foram contratar moças giras e simpáticas para fazerem as provas?
Até aí tudo bem. L.A.E está na linha da frente. Bolas, L.A.E está no pelotão da frente para levar com as balas na esperança de chegar a um bom monte de moças giras e simpáticas. Aliás, até passaria uma rasteira ao próximo. Sei que não é bonito, mas pelo menos não vou para casa sem as moças giras e simpáticas e o resto é conversa.
O problema é que as moças giras e simpáticas que ali estavam, pois não me posso pronunciar sobre todas as moças giras e simpáticas, não percebiam um tostão furado de vinhos. Uma chegou assumir: eu nem gosto de vinho.
Ora a moça gira e simpática, com sotaque brasileiro, vinda de um país com uma profunda e vasta tradição vinícola, não tem culpa de não gostar de vinho e gostar de chopinho e acarajé. O erro está no casting.
Hey, o Timothy Dalton não tem culpa de ter sido um péssimo Bond. Quem o escolheu para Bond é que devia ter bebido duas ou três garrafas de Barca Velha.
O mesmo se deve ter passado com quem definiu o critério para escolher as moças giras e simpáticas. Ou seja, até à segunda garrafa de vinho foi bem, definiu que se fossem giras e simpáticas era bom. Óptimo.
O pior foi o último copo que o fez esquecer que se percebessem qualquer coisinha de vinhos, ou se lhes fosse ensinado, seria mesmo ouro sobre azul.
Mas não.
Agora, vai uma pessoa pôr-se em preparos, usando perfume e tudo, na esperança de como no ano passado fosse levar um banho de cultura vínica e acaba numa sessão de bar aberto por dois euros e meio, convenhamos que é mesmo uma decepção.
Fiz de propósito para acabar a minha crítica mais aborrecida com um docinho: o preço. É de facto democrático e acessível. Tal como o Sol, o Vinho quando nasce é para todos.
Até porque se formos a ver com atenção temos tantos vinhos fabulosos abaixo de 5 euros, como acima, muito acima. Aliás, vou ter que refrasear: indescritivelmente acima. Por isso mesmo, esta transversalidade do vinho, transpirou por todos os poros no que a preço diz respeito e ainda bem.
Então porque houve falta de interesse dos produtores?
É uma pergunta que L.A.E não sabe responder na verdade, mas pode indagar-se por questões como: haverá um real interesse comercial? Ou será que os circuitos comerciais estão de tal forma estabelecidos que esse deve ser um esforço do revendedor e não do produtor?
Lá está. Não sei.
Sei que o António Maçanita não pensa de certeza dessa forma. Pois não só veio, deu a provar os seus vinhos e deu o corpo ao manifesto em dois excelentes Workshops organizados pela Escola de Hotelaria. Um sobre vinhos, outro sobre emparelhar vinhos com comida. Uma espécie de manual sobre masturbação e outro sobre sexo.
É claro que apesar de L.A.E gostar muito das duas categorias, sabe que complexidade do sexo é muito mais entusiasmante de que uma extensa prova de vinhos.
Emparelhar essa mesma prova com comida é um acto de amor, mas é também uma quase ciência. O truque é em vez de olharmos para as milhares de referências de vinhos e de pratos, o que se tornaria numa missão impossível, encaixamos tudo por categorias.
Não dispensando mais uma alegoria sexual, não fosse este blog um cabaret de baixo nível, é como encaixar potenciais homens e mulheres em categorias: Baixos, Gordinhos, Altos, Louros, Morenos, etc.
A partir daí é muito mais fácil perceber e escolher dentro da categoria das loiras, por exemplo.
Com a comida e vinho a mesma coisa. Criámos categorias como Vinhos Minerais, Frutados, Madeirizados, etc. A partir daí é muito mais fácil perceber o que vai com quem, mesmo que ninguém tenha nada a ver com isso, pois o que se passa dentro de portas é com cada um. E L.A.E tem horror só de pensar. Juro.
Mas perceber o potencial de uma boa conjugação é de facto inequívoco.
Tiro o meu chapéu à Escola de Formação de quem já fui muito crítico, mas que esteve mais do que à altura do acontecimento, oferecendo-nos excelentes pratos práticos para o exercício.
Tiro o escalpe à democracia do Vinho.
E como não tenho mais para tirar, agradecia que da próxima vez enviassem as miúdas simpáticas e giras para que L.A.E pudesse fazer uma criteriosa selecção.
Não sem espírito de sacrifício, diga-se. Mas o vinho e a comida são causas que fazem vir ao de cima o espírito de voluntariado do próximo. Quanto mais a L.A.E.










P.S - O excelente Palpite. Um Branco com madeira muito interessante do António Maçanita.

Comentários

  1. Caro Luís. O ponto positivo, no meu entender é que você de facto tem sentido de humor. O ponto negativo, se me permite, é descontrolar-se na verborreia...os textos são demasiados longos para nós (leia-se para mim), cozinheiros de trazer por casa que se dão ao luxo de perder tempo a assistir ao Masterchef Australia na esperança de que a arte de cozinhar se adquira por osmose e por aí em diante. É um facto que nunca seremos bons cozinheiros, mas você tb nunca será o Antony Bourdain....

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  2. Olá Carla,
    Peço desculpa pela demora na resposta, pois andei um pouco afastado das lides do blog.
    Tenho que aceitar a crítica com dignidade e humildade. E sou o primeiro a confessar que não gosto da maioria dos posts. Há um outro que se safa, mas pouco mais. O que estatisticamente falando, convenhamos que é uma miséria.
    Voltei numa nova época, com posts, mais focados, mais curtos e menos intrincados. Convido a Carla a ler alguns e a dizer-me o que pensa.
    Para finalizar, penso que de fato a Carla não deveria dar-se a luxo de perder tanto tempo a ver o Masterchef Austrália, que só posso comparar à seção de culinária da TV Guia. Há programas muito bons, que trabalham em cima da técnica e exploração de ingredientes que tenho a certeza que lhe trarão muitas alegrias e pedagogia também.
    De fora desta reposta fica apenas o Bourdain, que até admiro, mas que não é de todo uma ambição. A minha luta e objetivos são distintos e diversos. Não quer dizer que sejam melhores, porém.

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