Porque é que o Sr.Talhante é o melhor amigo do homem.






















Se este não for o post preferido de L.A.E, é porque o próprio o vai escangalhar, até à mais ínfima palavra, como é normal. Mas falar de talhantes, carniceiros, facas afiadas e muito sangue faz todo o estilo deste blog.
Caniceiros na verdadeira acepção da palavra penso não existirem, pois a carne passa toda pelo matouro. A não ser um carniceiro caseiro, ou um produtor de carne IGP, como Sr.Gago da Câmara, que nos seus pastos, tem concentrada toda e a melhor carne dos Açores. Uma espécie de Fort Knox da carne. A grande diferença é que quando tudo isto for para o brejo, o ouro é só um pedaço de metal que apita no aeroporto, enquanto a vaca, não apita e ainda dá para fazer vários jantares e alimentar muitas bocas.
Mas a verdade é que é muito mais difícil por as mãos num pedaço de carne IGP, do que colocar um filho na universidade. E pode até ser mais demorado. O único local onde L.A.E consegue comer com regularidade é na Colmeia Grill, nas Portas do Mar.As diferenças são tão evidentes a nível de profundidade de sabor, que não vou perder uma linha sequer a tentar demarcar a coisa. É uma experiência unânime e por isso, não falha.
No entanto, a explicação destas diferenças pode não ser assim tão fácil de entender. Ou não. Vejamos, a maioria das nossas vacas são leiteiras. Uma raça desenvolvida para dar leite. Comemos, porque não sabemos o que fazer com o bicho quando ele deixa de dar leite. O que é cruel. Normalmente, deveríamos mandar para a reforma ou para director desportivo do Sporting, o que só por si, já me parece suficientemente cruel.
Ao contrário desta carne leiteira, a carne IGP é proveniente de uma raça de vaca criada para dar carne. O leite tira-se vez em quando, que é para não explodir. O resultado é uma carne deliciosa e única, que em alguns países será considerada como crime.
Existem muitas espécies de ambas as estirpes, seria mera troca de galhardetes estar a enumerar todas as que existem. Google it. No entanto, e no fim das contas, a nossa vaca leiteira, que se passeia livremente pelos pastos é melhor que muita carne produzida pela espécie adequada, mas em péssimas condições.
O que jamais será o caso do Japão e o seu famoso Kobe Beef. As vacas da raça wagyu bebem cerveja, para estarem numa onda mais cool, e são massajadas com saké. Portanto, têm o melhor trabalho do mundo.
Este carinho tem preço. Mais ou menos 500 doláres o quilo, mas diz que vale cada shot de saké, que em forma de spray prepara a vaca para a massagem. Ridículo? Que nada. Ridículo é este blog. L.A.E trocava tudo por uma destas experiências: 1. Cerveja e massagem a Saké. 2. Comer o Kobe Beef.
Vindo deste planeta para os Açores, o acordar até nem é mau. L.A.E frequenta 2 talhos. o Açougue Brasil e a Salsicharia Rosa, onde há um conhecimento bastante razoável de cortes e confecção. Mesmo que o corte não tenha grande sucesso comercial, eles fazem a pedido, tal como a pedido arranjam umas coisas muito boas.
Uma excelente forma de ter boa relação, com um homem com uma faca afiada de 50 centímetros na mão, é baixar a bolinha. Entrar com humildade. Eles sentem o medo e devemos perceber que é standart procedure que nos vão perguntar o que é para fazer com a carne. E claro, há sempre um corte melhor. Aliás já tentei a táctica invertida, para perceber se era para nos empurrar para o corte mais caro, mas não. É Standart procedure. Se um dia forem a um talho e não acontecer isto, é porque não estão num talho e podem estar num estabelecimento com consumo mínimo. Cuidado.
Normalmente, este é o momento certo para atacar o plano de credibilização de L.A.E. Com respeito, mostro que sei o que estou a comprar e a querer fazer e que se não é da minha maneira, não é de outra. É claro, que aproveito uma altura em que a faca está pousada no balcão e distante.
E aqui está o resultado: não existem t-bones nos Açores. Mas se L.A.E quiser, tem. Não se vende a peça inteira do Acém Redondo? L.A.E, arranja. Peça da Vazia com osso? Idem. Se a Vaca tiver a peça e os argentinos já tiverem inventado corte, L.A.E arranja.
Se existem mais bons talhos em São Miguel? De certeza, mas L.A.E ficou por estes dois. Está satisfeito e na única página, do único livro que leu, dizia: Sê fiel ao teu talhante e serás feliz para o resto da vida. Creio que esta bigamia, coloca o futuro de L.A.E em risco, e qualquer dia terei de deixar de pular a cerca, mas como boi amarrado também pasta, logo se vê.



Kobe Beef


Comentários

  1. No Wagyu o sake é um complemento a cerveja, não como balsamo para massagem... Que sorte têm!
    Mas com tanta lenda de en-"carnação" que existe nos Açores (como a IGP) acho que temos bois suficientes nas nossas ilhas para importar uma Kobe (que adoro em versão "twist" de Rossini em Tártaro).

    Hugo Ferreira

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  2. Onde se arranja esses ditos bifes Kobe? Ando numa perseguição de uma vida...

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  3. Uuiiiii Hugo! Excelente ideia. No outro dia comi um chili em tártaro. Babei-me como um bébé de 3 meses.
    Encontrar o bife não é fácil, mas qualquer boa loja gourmet numa grande capital terá. Já vi no Harrods, no Peck em Milão e em N.Y.
    Prepara a carteira.

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