A lógica da batata frita, ou se preferirem, porque é que os Alunos da Escola de Hotelaria se dão ao trabalho de comentar?



















Em primeiro lugar, este post divide-se em dois: Uma segunda parte, sobre o facto de não se comer batata frita como deve ser, em lado nenhum. Pobre Mr. Potato Head, uma vida inteira para isto. Há bons projectos, mas todos eles falham. A desculpa mais comum é que a culpa é da batata. Bela lógica.

A verdadeira primeira parte é inteiramente dedicada aos alunos da Escola de Formação, que se deram ao trabalho de comentar. O barrete enfia-se naqueles em que tem se enfiar. É a mãe natureza. Aos outros, continuação de bom trabalho e nunca desistam de aprender.

E agora, vamos ver a quem cabe o barrete, que claro, não pode ser o de cozinheiro, mas sim daqueles que a professora primária nos manda colocar na cabeça, virados de costas para a turma, num canto da sala.

Não tenho memória de tamanha idiotice por parágrafo quadrado. Mas, para L.A.E o mais grave não é a idiotice. Todos temos direito a ela e proclamá-la aos quatro ventos. Está aí para quem quiser ler.

O problema, é mesmo o analfabetismo funcional, uma categoria que é impossível aparecer nas estatísticas. Pois ou somos analfabetos, ou não. Os que, supostamente, sabem ler e escrever, mas que na realidade não o sabem, são analfabetos os funcionais. Não há estudo que os detecte. Mas que eles existem, existem.

Bem sei que Camões criou um raio de uma língua, que mais parece um código. É quase impossível não cometer erros, com L.A.E na linha da frente. Mas isto é demais. A maioria dos comentários revela, de caras, um grau de instrução muito baixo. Por isso, não admira o estado das coisas. Se nem sabem ler, quanto mais cozinhar?

Num mundo, onde a maioria das referências estão noutras línguas, como é que poderão chegar a um nível mínimo, se nem português percebem? Conseguirão descodificar uma receita? Ou uma técnica de serviço?

Quando, no famigerado post, dividia as culpas entre alunos, direcção e professores, neste momento, L.A.E pensa que a culpa continua a fazer contas de dividir, mas com um peso muito maior para a tal cambada.

Vocês não são cozinheiros, empregados de mesa, ou projectos disso. Vocês são cabeleireiras. Visto não existir uma vocação particular pela hotelaria, porque não aproveitar esta oportunidade? Carteira profissional já têm por mérito próprio e cabeleireiras é porta sim, porta não. Tenho a certeza que não só encontram emprego rapidamente, como serão muito felizes.

Deixem a cozinha para cozinheiros sérios e profissionais, com vontade de aprender e progredir. Pessoas com auto-motivação, capazes de se manterem focadas e afastadas do intriguismo fácil que só nos desvia dos objectivos. A competitividade é uma coisa muito boa, da qual a intriga nem espinha é.

Já sei que o tique cabeleireira vai voltar a ser difícil de controlar, mas tentem. Distraiam-se a fazer rolos, ou permanentes, em vez de inundar o blog com comentários que só evidenciam o vossa iliteracia e poder de intriga. Preocupem-se, antes, em aprender. E há tanto para aprender.

Esta é a lógica da batata frita. Tentamos passar a palavra, condenados a saber que vamos falhar. É como tentar comer uma batata frita como deve de der nesta terra. Injustiça!? Sim, consegue-se comer uma, no meio de umas 30. Uma espécie de aberração da anormalidade: a perfeição. Um ocaso. Como o eclipse do Sol.

Há locais onde a batata frita é irrelevante, é apenas mais um acompanhamento sortido. O restaurante é avaliado, mas não é a sua chávena de chá. Agora, há outros que é um componente muito importante. A acompanhar um bom bife à regional, ou qualquer outro bife, a batata frita tem que ser mesmo na batata. O Aliança, que é dos meus bifes preferidos chumba. Mas o Alcides também. E por aí fora. Quase todos falham.

É verdade que a espécie e a qualidade da batata é muito importante. Mas também o processo de corte, da água, do sal, da temperatura do óleo e há quem faça duas frituras.

O que mais aborrece L.A.E, pela além de adorar batatas fritas, como qualquer criança, é que existem tantos tutoriais, tantas fontes. Era só querer acertar. Diria até que qualquer aluno da Escola de Formação conseguiria aprender o processo, ao fim de duas, três tentativas, mesmo que com a outra mão estivesse a fazer um brushing.















Comentários

  1. Aluno que não resistiu a comentar este post16 de janeiro de 2010 às 22:35

    Caro sr Ego,
    em primeiro lugar peço-lhe que me permita dirigir aos meus colegas da EFTH, pois receio que venha aí mais uma avalanche de comentários…
    O sr L.A.E. tem todo o direito a opinar, e nós, como “enfiámos o barrete”, temos o dever de melhorar, pois, neste ramo, quem não aceita uma crítica bem pode ir para esteticista ou cabeleireiro, isto seguindo o conselho de L.A.E. Poder-se-à dizer que essa crítica não é contrutiva, é verdade, mas o estilo de escrita deste blog, como se pode ver por outros posts, é assim mesmo: duro, implacável, sarcástico! É assim a vida… e a opinião de cada um é como o cú, cada um tem o seu, e quem o quiser dar, dá! (Sr Ego, perdoe-me o palavreado, mas foi você que disse anteriormente que este blog é uma casa de putas…)
    Estou certo que, pelo que conheço da escola e das pessoas que a ela se dedicam, o seu historial, as instalações e o reconhecimento dado pelas várias instituições que com ela cooperam, e ACIMA DE TUDO O NOSSO VALOR, daremos a devida resposta através do nosso trabalho!

    Em segundo lugar, Sr Ego, e desculpe-me a apropriação deste espaço, mas para si apenas me sobrou um pensamento que partilho, e cuja mensagem subjacente estou certo que compreenderá:

    Concordo que a formação para um cozinheiro é sem dúvida nenhuma importante, mas quiçá mais importantes serão a alma e a sensibilidade (características que o Sr me parece não ter, pelo menos quando escreve... desconfio que a guarda para o fogão).
    A minha Mãe, por exemplo, apenas estudou até à 4º classe, nunca teve a tal disciplina de “Cozinha e Alimentação” que sugere, e no entanto tem “galáxias” Michelin! Atribuídas por mim, claro está, que tal como você também “confio muito mais no meu instinto, critério e palato do que num tipo que não sei quem é, nem conheço de lado nenhum”


    Um abraço gastronómico!

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  2. Caro L.

    Adoro comentários anonimos ...principalmente de alunos que não resistem comentar ...

    anonymus gourmet...

    "A superfície da batata deve ser de um tom dourado moreno e extremamente crocante, tão facilmente quebrável quanto um drops ou um pergaminho seco. Tão crocante que você é capaz de partir a batata como se ela fosse um graveto. Por dentro, fica macia e cremosa."

    e tenho dito

    abraços amazonicos

    Pedro Botelho

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  3. Um monólogo entre Ela e Ele, sobre nada e coisa nenhuma, ou como refogar um Alter-Ego

    Ele: Hummm... Tenho andado a pensar nas ciber-relações por um prisma inteiramente novo. Ocorre-me o teu Alter-Ego...

    Ela: Curioso, eu também choro quando descasco cebolas.

    Ele: Pois é, e cheguei a uma conclusão: o meu Alter-Ego é feito de mármore rosa de Estremoz e de fibras ópticas do mais fino cristal d'Arques. Virtualmente inquebrável...

    Ela: Valha-me Deus, que já me esquecia do arroz.

    Ele: Mas ainda não percebi onde foste buscar esse teu jeito para martelar o bife, como se fossem teclas de PC avariado?

    Ela: Tranquiliza-te que não vou deixar esturrar o assado nem queimar os cogumelos.

    Ele: Prefiro-te esfíngica mas humilde. Virtualmente dura como pedra-pomes, mas aqui no centro do meu mundo feita de ondas hertzianas. posso fazer que vires pó de sumiço...

    Ela: O centro do meu mundo é uma caçarola adormecida. Nenhum relógio comanda os meus dias, nem as manifestações do meu umbigo. As cenouras são ralação tua. Deixa lá o resto comigo…

    Ela: Homem prevenido é homem amolecido.

    Ele: O desejo no homem é como ervilha na fervura... lentamente, lentamente….opsssss (é o desejo ou é o caldo??).

    Ela: Talvez o teu Alter-Ego seja do tamanho de uma ervilha...

    Ele: Que fazes aí sentada? Dissertas?

    Ela: Dissertar é afirmar a vastidão das coisas. Procurar esconder um Alter-Ego sob um monte de lugares comuns...

    Ele: Claro que sei o que é comer atum em cima de um andaime e dar pelo nome de Gregório, o gigante moldavo...

    Ela: Aí é mais o Alteres-Ergo. Tijolos, baldes de massa, pranchas de madeira... Cenários à noite, turnos em teatros de segunda...

    Ele: Devias vê-lo. Uma vontade de ferro e betume. Um símbolo de coisa nenhuma, a não ser dele próprio....

    Ela: Não há pedante que não se assuma.

    Ele: Há nas coisas uma metafísica da cozinha que rasa a irónica manifestação dos fenómenos sociais.

    Ela: Pois, alter-egos ao pequeno-almoço e bacalhau com lágrimas ao jantar.

    Ele: Essa gente tem que lutar…agir, dissertar, betumar, vencer moinhos, plantar rosas e sorrisos antes de saberem tornear uma batata.


    Ela: E alter-egos mil. Vamos mergulhar em novos alter-egos? Mais aromatizados, mais herbres de Provence mais infinitamente virtualizados. Buscando as nossas almas frente a frente, na extremidade afiada de um salazar de silicone?

    Ele: Hummm. Já jantava... Talvez depois do Esporão??? Ok. Arranquemos-lhe o espírito na ponta de um saca-rolhas... Pronta a tua dissertação?

    Ela: Não, cada vez lhe vejo menos consistência…

    Ele: No soufflé?

    Ela: Pronto, mais um assédio desse alter-ego esfomeado...

    Ele: Ah, posso saciar o palato e ser apenas Gregório o gigante moldavo?

    Ela: Aproveitemos que o argumentista está distraído. Vamos meter nisto um pouco de cloreto de sódio.

    Ele: E “ser”...?

    Ela: Adão e Eva em luta pela costela.

    Ele: Costeleta? Pensei que era arroz de cabidela...

    Cai o pano, caem os tomates ao público. Alguns atingem a cozinha. Entra Gregório o moldavo, lava o chão e muda rotineiramente os tachos. Alter-egos? Pensa. Nem com esparregado! Isto de ter tempo disponivel é lixado!!!!
    Vem o argumentista e senta-se, stressado. Será mais uma peça que acaba em escabeche e tomatada de Alter-egos refogados!!!???
    Haverá 2º Acto? Suspira. Ando a escrever demais. Estou estufado!!


    Pai de uma Aluna da EFTH

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  4. 2º acto
    cenário uma cozinha alguns dos actores em posse nas marcações marcadas a giz no chão, todos devidamente fardados colocados nas suas posições em frente aos fogões na roda copa suja, e alguém diz,
    -Ai vem ele
    E logo um bailado se coordena e uma alegria por dentro das almas dos que ali andam a correr de um lado para o outro.
    -vem sozinho ou com alguém?
    O chefe pergunta o pedido.
    -O pedido jà entrou?
    Confirmado o mesmo como sempre, diz o gamela ao mesmo tempo que a printer ao transmitir aquele barulho das agulhas ou coisa semelhante cospe um pedaço de papel.
    O tabuleiro da carne ja fora do frio retiram a respectiva capitação e o baile ainda mais coordenado que nunca, vai a peça de carne de pincha em frigideira até chegar ao prato quente com todo o afecto e carinho como um recém nascido fosse, e em poucos minutos o sino toca e tem o gamela o pano de serviço na roda e ao levar o belo bife, o comentário foi.
    -recorde menos dois segundos do que da ultima vez.


    Black out

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  5. clap clap clap,

    Isto são aplausos ,sinceros ,
    pelo menos pretendem ser aplausos ,e repito sinceros ...Parabens ...isto na mão de um Alamo de Oliveira dava coisa séria ...seríssima ...

    adorei a frase - não há pedante que não se assuma ...

    isto aqui caro L. está a ficar deveras interessante , egos,alter -egos, barretes , pedantes,delirios gastro filosóficos (existem ?) escritos no calor da emoção...ou seria das panelas ...??

    Parabens , toda cozinha que se preze tem que estar quente , muito quente ...de preferencia acima da zona do conforto , ou melhor do perigo da multiplicação ..os famosos 65 graus ,

    é o que chamamos por aqui de a cozinha está a pegar fogo !

    Pedro Botelho

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  6. Bom, garantidamente e até ao momento, todos sabemos ler e escrever. É um patamar que nos une. Dos que conheço, não posso deixar de estender um enorme abraço ao Pedro. Um seguidor regular, que se diz perdido no amazonas, mas que está muito mais encontrado do que qualquer um de nós. As referências que me vai enviando, demonstram um profundo conhecimento e amor pela cozinha. A minha palavra de apreço e gratidão. A referência do filme: Tampopo um filme japonês, que nos mostra uma passagem transversal sobre a paixão da cozinha, em todas as camadas sociais, com uma espécie de Western Spaghetti à mistura, (Ou melhor, Western Noodle) é uma coisa do outro mundo. E a cena da omolete, feita por um vagabundo, é qualquer coisa de fascinante. Obrigado Pedro.
    Continuando em palco, apreciei a peça teatral/comentário. Não percebi muito bem o objectivo. Mas é arte. É um quadro.
    Caro comentário número 1, vindo do nível de comentários que estávamos a ter, esta é sem dúvida uma excelente pedrada no charco.
    Carta verde para usar e abusar dos comentários.
    Quanto às nossas mães, partilho a referência simbólica, apesar da minha mãe não cozinhar nada de especial. Mas compreendo que para muitas pessoas, não exista melhor que o conforto da comida de mamã.
    Quanto à sensibilidade, também concordo. À qual juntaria instinto. Outra que não se aprende. Mas nos dias de hoje, as referências também são muito importantes. Não vamos nós em 2010 inventar o ovo cozido.

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  7. Ao acender com a suavidade de um "dimer" a luz no palco, e o ambiente é a sala.
    Esta aquele Senhor menino na mesa que só o patrão se sente, com a melhor visão sobre a sala, que como sempre organizada e com um burburim de copos a brindar. uma musica" time less" a compor o ambiente, o caricato Senhor, a degustar aquela peça de carne no ponto que ao cortar, apesar de rosa não derrama sucos de sangue, que confirma o gamela por de traz do aparador não vá ele perder a grója por causa dos cebolas queimadas.
    E derretido o gelo tudo continua como nada tivesse aqui passado.
    De seguida a atenção do costume e corre as mil maravilhas até ao acto do pagamento, a referida gratificação e com a mão no bloco de notas aquele olhar pelas lentes e depois sobre os aros olhou e disse.
    - Dois segundos menos tempo do que a ultima vez, informe a cozinha a atenção, boa noite e obrigado.
    -Sim senhor sera transmitido uma continuação de uma noite descansada.
    Acompanhando á porta o cliente, abre a porta.
    Cai o pano.

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  8. isso é bom ...
    PA CARAMBA!


    LLllloooooolllLLL

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  9. De arte de rua a galeria de arte num post.

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