O que é que o filme Psycho e os Paladares da Quinta têm em comum?


Cumprindo o desígnio de só falar de restaurantes aceitáveis e bons, ignorando os maus ou muito maus, fazendo a estes apenas referência que lá fui, estou aqui hoje para falar dos Paladares da Quinta. Apraz-me um certo suspense que esta nova metodologia introduz. Um estilo pouco comum neste blog. 
Mas vou eu ficar por aqui neste post? Deduzindo, como tal, o leitor que na minha opinião é um mau restaurante? Vou escrever mais umas linhas, concluindo-se que é aceitável? Ou vou para o registo habitual, classificando, assim, o Paladares da Quinta como um bom restaurante? Isto sempre na minha modesta opinião, óbvio.
O suspense está a matar-me. 
Primeiro posso dizer que já lá fui umas 5 vezes nos últimos 2/3 meses. E planeio continuar a ir lá. Se os tempos, que nada fáceis estão, me permitirem.
Por isso, mau, já todos sabemos a esta altura que o Paladares da Quinta não é, reconhecendo desde já que Hitchcock é muito melhor nisto do que eu. É por isso, que uns têm Óscares e reconhecimento, e outros, como eu, temos blogs.
A primeira vez que lá fui, no aniversário de um amigo meu, a sala ficou por nossa conta. Haviam dois pratos. Se bem me lembro bacalhau e leitão. Guardei uma memória agradável, mas muito pouco centrada na comida e serviço. Sabendo eu, também, de antemão o quão ingratos são estes serviços. O meu amigo comemorava 40 anos. Mas quando se juntam 60 ou mais pessoas, a coisa transforma-se num 18º aniversário. Muito vinho, muita cerveja e muita gente bêbeda e a partir coisas. A diferença é que em vez de se pagar 7,5 euros com vinho incluído, paga-se um pouco mais.
Não tenho uma ideia, muito clara, das razões para o interregno entre esta primeira visita e começar voltar lá regularmente. Não sei explicar. Tal como o Norman Bates terá algumas dificuldades em explicar porque mata a mulher no duche no filme Psycho.
O Paladares da Quinta estará, por mérito próprio no patamar dos aceitáveis. E explico porquê:
  • Tem uma sala agradável, que funciona muito bem, principalmente ao almoço, por ser muito iluminada.
  • O Jardim à volta é também agradável e seguro para as crianças brincarem. Pode parecer que não, mas sejam os nossos ou os dos outros, tê-los lá fora a fazer o que sabem fazer melhor, ou seja, barulho, dá um jeito enorme.
  • Aquela brincadeira das ementas no iPad, apesar de no limiar do desnecessário suprime e retira pressão do serviço. Há menos rondas para fazer e o sistema funciona de facto.
  • O serviço é muito aceitável, embora desconfio que se enche de forma inesperada podem acontecer problemas, pois só me parecem ser duas pessoas. Porém e até agora, nada de especial a apontar.
  • A garrafeira é interessante e um bom apanhado do que melhor se distribui nos Açores.
Agora digam lá se um restaurante como o que descrevo é ou não aceitável?
A resposta pode ser dúbia, pois ainda nem falei de comida.
Mas quando começar a falar de comida, já não estou a falar de um restaurante aceitável. Estou a falar de um bom restaurante. A comida é impecável. 
Repare-se numa coisa, não há criação, não há conceptualização. A matriz é extremamente tradicional e clássica. E o que fazem, fazem-no bem e com brio. É injusto trazer para aqui o Gambrinus, que está no panteão sagrado do incomparável, mas também eles não criam, ou conceptualizam. Servem clássicos, tal como o Paladares da Quinta.
Atendendo a que nos Açores, só a Escola conceptualiza, pois nem o meu querido Colégio 27 o faz, então não existe verdadeiramente um campeonato da criação.

Existe, isso sim, o campeonato do tradicional. E nesse campeonato o Paladares da Quinta luta para ser campeão e será um dos principais favoritos à vitória. Outro ponto a favor é que não é regional, o que é um alívio para mim, e uma enorme tristeza para os vendedores de pimenta da terra.

Comentários

  1. Caro Anton ,
    Andava sumido deste brilhante espaço pelas mais diversas razões , que não vem ao caso contar , aqui e agora ,pois são histórias longas e entendiantes ...como a maioria das histórias que se passam abaixo da linha do equador .
    Mas , sempre tem um mas , neste meu retorno, encontro uma brilhante discussão sobre sushis , então resolvi meter o dedo na discussão e contribuir com uma modestíssima contribuição . http://youtu.be/R2L5IrkQTV0 , Jiro Dreams of Shushi ,
    apenas o mestre dos mestres quando o assunto é sushi
    e assim desta forma me tens de regresso ...
    um abraço tropical
    Pedro Botelho.

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  2. Caro Pedro,
    Saudades de o ver por estas paragens. Por acaso, escrevi sobre filme, e entretanto estive em Nova York onde experimentei um sushi do mesmo estilo. Memorável. http://luisantonego.blogspot.pt/2012/11/todays-special-trust-me.html
    Bom, uma coisa é garantida, aqui nos Açores peixe não falta para fazer um sushi deste nível.
    Abraço atlântico

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