São Miguel é um espécie de cemitério de restaurantes. Se um chega a melhor, fecha.

Normalmente o fim de um ano e o princípio de outro precipitam uma série de balanços, listas e tops daqueles que foram os piores e os melhores momentos do ano. Sendo este blog uma coisa só comparável ao horário nobre da TVI não podíamos deixar de exercer o direito a fazer o nosso comezinho apanhado de 2012. Como os Açores não me oferecem matéria de fato, vou ter que fazer um apanhado a incluir algumas cidades por onde passei. Por isso, este será um post bi partido. 1ª parte Portugal, 2ª Europa propriamente dita e Américas. Os meus critérios são muito simples. Aliás fica a ideia de que uma boa avaliação resulta da utilização de critérios básicos. Estes foram os meus. 1. Memorabilidade. Lembrar-me qual a refeição mais memorável. Como tenho memória de peixe, acreditem que este ponto de avaliação é muito mais relevante do que o que parece ser. Se for muito, muito bom, não me esqueço. Se for muito, muito mau aí não esqueço mesmo. Se for do médio para baixo ou para cima é um pouco como me perguntarem quantas vezes fui à casa de banho nos últimos sete dias. 2. Comida/Confeção/Concepção 3. Serviço 4. Ambiente São Miguel. Indubitavelmente o Colégio 27 foi o Top de 2012. Aliás, numa breve reflexão sobre os melhores restaurantes dos Açores, rapidamente percebi que são geridos ou são propriedade de não açorianos, que fartos de pregar aos peixes estão na eminência ou de falirem, ou de fugirem para paragens onde sejam entendidos. Para muita pena minha. Mas que sigam o seu caminho, pois este em que estão atolados só tratará desgosto, gente inculta e bárbara à mesa. (Pequeno vídeo sobre o Colégio 27) Mas falando do bom, o Colégio tem o melhor ambiente da cidade e da ilha e talvez mesmo dos Açores. O serviço é personalizado. Apesar de não ser extraordinário, ou sequer muito bom, é o suficientemente bom. A comida, de inspiração internacional, não fosse ser o Colégio mais um para andar à bulha por meio quilo chicharro inflacionado ou por pimenta da terra, funciona sempre bem. A matriz já foi mais complexa, agora está um pouco mais bistro. Mesmo assim, consegue ser o melhor. Pico. Nenhuma referência em particular. Falam muito do Ancoradouro, que francamente achei uma merda. Serviço inexistente, muita falcatrua na cozinha. O ambiente melhorou com as obras, mas é impessoal e sem qualquer pertinência. E lá está o critério mais importante, das duas vezes que lá fui, antes e depois da obras, nunca me recordei do que lá comi. Talvez seja melhor assim. Lisboa. Este foi o ano do Belcanto. Não vou ser diferente da maioria. Estive lá duas vezes, revirei o menu de ponta a ponta. Comida, serviço, ambiente imaculados. Ahhhhh e ainda me recordo de quase todos os pratos que lá comi. Para fechar gostaria apenas de fazer uma menção honrosa a um espaço. O meu preferido de Lisboa. É básico, é clássico e se quiserem fazer este blogger feliz é lá que o levam. Costumo dizer que é uterino. Não há restaurante no mundo onde me sinta melhor que no Gambrinus, então se for ao balcão melhor ainda, e parece-me que a paixão está para durar. Assim concluo este balancete nacional destacando os locais onde fui mais feliz à mesa em 2012: Colégio 27 e Belcanto. Não que um restaurante seja comparável ou outro. Um está em Lisboa, que como cidade está quase ao nível de qualquer capital europeia. O outro, no que a restauração diz respeito, está no fim do mundo. Em cuecas. De uma marca muito rasca. (Não percam, amanhã: os melhores restaurantes de 2012 Europa e Américas)

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