Today's Special: Trust me.

Diz-se que há uma primeira vez para tudo. A minha primeira vez foi para aí à 97ª vez que comi sushi. Sempre me fascinou o negócio de Jiro, que numa cave de um edifício de escritórios em Tokyo, e sem casa de banho, tem 3 estrelas Michelin. No Jiro é ao estilo omakase, ou seja, ele é que nos vai colocando a comida à frente, sendo que o cliente só pode escolher o que vai beber e ponto final. Para os esquisitinhos e com paranóias com a comida, diria que não vale a pena o risco e desgaste emocional. Nem valerá a pena para aqueles que pensam que gostam de sushi, mas que afinal gostam é de molho de soja onde dissolvem wasabi. Nem vou entrar no campo fashion do sushi de fusão, porque isso não é merda que mereça sequer um comentário. É apenas e tão somente uma grande confusão. Sushi é peixe, respeito pelo peixe, paixão pelo mar e não é muito mais do que isso. Este é o fato que o torna extraordinário. Peixe de elevada qualidade, como o que temos aqui nos Açores. Como o encharéu, a albacora, o patudo, peixes, cavala que compro sem passar os 7 euros o quilo. Mas tive que atravessar mais de meio oceano atlântico para provar todos estes peixes no seu máximo esplendor. Foi no Sasabune em Nova York. O restaurante em si é de um mau gosto só comparável à forma unidimensional como normalmente olhamos para o peixe. Mas quando lemos na parede: no spicy tuna, no california roll, convenhamos que chega a ser enternecedor. Tal como é uma outra ardósia que diz, Special of the day: Trust me. E foi o que fizemos, no dia seguinte, a termos tentado lá ir a primeira vez, depois de ter atravessado grande parte de Nova York a pé e batido com o nariz na porta. O facto do empregado não se conseguir exprimir em inglês, só para explicar que já estava fechado, o que me deixou cheio de confiança pelo dia seguinte. Foi uma absoluta maravilha, arrancou com um prato de 5 atuns diferentes e depois foram-se sucedendo, peixe atrás de peixe, combinação atrás de combinação, a um ritmo alucinante. A minha felicidade em comer peixes que já conhecia, mas nunca os provara daquela forma, não tem qualquer paralelo com qualquer sushi que já tenha comido. Soja, só quando o Chef diz que podes usar, e foram muito poucas as vezes. Wasabi nem cheirei a não ser que já fosse componente do prato. Dizer que foi o melhor sushi que já comi na minha vida é um claro exagero, para quem comeu pela primeira vez e como tal não tem qualquer referência ou comparação possível. Curioso verificar que escrevo este pequeno post numa altura em que se encontram prestes a abrir dois restaurantes de sushi aqui em São Miguel, para adicionar a dois lugares onde podemos comer com alguma regularidade: No Anfiteatro, que aos jantares ao fim-de-semana é interessante e no Red Hot, que, e peço perdão, mas não tenho outra forma de o colocar, é mau. Não admira, para um local que ainda se encontra perdido entre rodízio de carne, steakhouse e sushi. Ter um grande número de pessoas que dizem que é bom, só prova o meu ponto que falei anteriormente, não devem gostar ou saber o que é sushi, e como tal, a soja chega. Os dois novos que vão abrir é a Colmeia, que espero que se entregue à missão de corpo e alma, e o outro um chinês que vai abrir com sushi. Quanto a este não tenho qualquer consideração a tecer. Mas se fizer um bom pato à pequim, podem contar comigo. Conheça o Sasabune aqui.

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