Mais arrepiante que a morte de dois Chef's do Fat Duck só uma nova subida dos impostos.

Já muito se escreveu neste blog sobre mortes, principalmente de Chef’s que na tentativa de chegarem às estrelas, ou de não descerem das estrelas acabaram com as suas vidas. Ou fizeram por isso, ou se entregaram às putas e vinho verde, a minha modalidade preferida e que se aplicará em qualquer cenário de destroçamento emocional. Mas o que acabei de ler é verdadeiramente arrepiante, dois Chef’s do Fat Duck, o restaurante 3 estrelas Michelin do Heston Blumenthal, morreram num horrível acidente de viação em Hong Kong. Um autocarro de dois andares embateu com toda a violência no táxi em que seguiam. Mais arrepiado fiquei de saber que Heston seguia num outro táxi, que optou por seguir um caminho diferente. Sei que não estamos propriamente a falar da princesa Diana, mas para mim, aficionado de cozinha, ponho-me logo a pensar não no sentido da vida, mas em 3 pontos muito específicos. 1. Sendo o Fat Duck em restaurante de 3 estrelas, como irá Heston colmatar a falta de Carl Lindgren, 30 anos e Ivan Jorge, 34, membros da equipa sénior, sendo a estabilidade um dos pontos mais importantes na performance Michelin. 2. Partindo do princípio marsupial da geração/criação de grandes chef’s de cozinha, o que se pode ter perdido com estas duas mortes? Duas grandes estrelas que não chegaram a brilhar com nome próprio? 3. E se o Heston fosse naquele táxi? Perderíamos um dos chef’s com um percurso mais peculiar e pessoal de todos os tempos, uma prova, ainda viva, que de fato qualquer um pode cozinhar. Sem escola, sem percurso académico, aprendeu tudo sozinho e partir de livros. Livre de pecados ou influências, um fanático da técnica, será, provavelmente, um dos melhores cozinheiros do planeta. Tive oportunidade de comer no seu restaurante o Dinner, no Hotel Mandarin Oriental em Londres, o mesmo que lhe pagou para ir a Hong Kong numa ação promocional e só posso dizer o seguinte: se, ao contrário de mim, não estão satisfeitos com os préstimos do Heston, denunciem o contrato de exploração do restaurante em vez de lhe mandarem com um autocarro de dois andares para cima. (Aliás, autocarros de dois andares é o que mais há em Londres. Para quê a despesa de o mandar para Hong Kong?) Notícia aqui.

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