Como foi parar o Livro de Receitas da Infanta D.Maria a Nápoles? E há referência a ter lá deixado a roupa interior?

“A publicação do Códice I.E 33 da Biblioteca Nacional Vittorio Emanuele III de Nápoles, o chamado Livro de Cozinha de Infanta D.Maria, tido como o mais antigo prontuário da cozinha portuguesa, veio chamar a atenção para um campo pouco explorado: o do receituário de culinária português. Durante centenas de anos o códice “escondeu-se” na prateleiras da Biblioteca de Nápoles, entre outros manuscritos, depois de ter desempenhado o seu papel de caderno de receitas do cozinheiro da infanta, quando este acompanhou D.Maria na sua ida para Bruxelas...” Bom, ficamos sem saber como o Livro de cozinha da Infanta D.Maria foi parar a Nápoles, mas perto de tudo o que este livro nos revela, e mesmo bibliografia que nos aponta, diria que é um pormenor que não interessa ao menino Jesus, da mesma forma que não interessou a D.Maria ou ao seu Cozinheiro. Este livro, perdão, este documento histórico, de elevado desígnio nacional, escrito por Ana Marques Pereira é absolutamente maravilhoso. Quem goste de culinária e de história não pode perder esta oportunidade única. E não ganho margem nas vendas, imaginem se ganhasse. Mas tem mais, é uma janela para um Portugal, que ainda era Portugal. Podemos entrar em grande discussão sobre a restauração em 1640, pois muitos dizem que é aí que Portugal começou a definhar. Mas o que temos hoje é o morto e o que vemos no livro, ainda que no início do definhar, é esplendoroso. “A sua publicação feita em 1963, sob o título Um Tratado de Cozinha do século XV, em que o texto fac-similado se associava à ortografia moderna, era seguida por um índice de vocábulos, e pretendia ser mais um estudo sobre filologia portuguesa do que sobre alimentação. Foi a reedição do texto, em 1986, com o título Livro de Cozinha da Infanta D.Maria, como prólogo de Jacinto Manuppela que chamou a atenção para esta obra. Uma introdução feita por Salvador Dias Arnault, e não publicada nesta data, foi no mesmo ano editada com o nome a Arte de Comer em Portugal na Idade Média” Bom, palavras para quê? Rigoroso, sério, documentado, num registo documental, é para mim foie gras, ligeiramente salteado, com rebuçados de fruta esmagados e colocados por cima. Obrigado Ana. À venda na Livraria Solmar *Excertos do livro “Mesa Real da Dinastia de Bragança” de Ana Pereira Marques.

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