Será que conseguimos amar os nossos filhos o suficiente para não os matar com a alimentação que lhes damos?

Escrevo este post ainda duplamente indignado. Aliás, há uma figura no imaginário porno, que diga-se de passagem tanto tem andado afastado deste blog, para muita pena minha, que se chama “double anal”. Isto porque sinto-me muito culpado de como encarregado de educação, de uma menina de 4 anos, ter autorizado que ela participasse numa visita de estudo do Castelinho Encantado ao Burger King. Ficando após a auto penitência e uma contagem de Avé Marias que já vai nos três dígitos, apenas indignado com a desorientação nutricional que naquele jardim de infância parece reinar. Porém, ao refletir sobre este assunto creio que é importante perceber-se que eu não represento uma prima dona indignada, numa luta pessoal contra o Castelinho Encantado. Perdoem-me a expressão, mas é tudo a mesma merda. Os nossos filhos são muito mal tratados do ponto de vista nutricional nos jardins de infância, nas escolas, nas universidades, dando seguimento nas suas casas e nas porcarias que comem na rua. E o pior é que eles gostam. É como a droga. O seu único problema é o fato dos drogados gostarem de a ingerir. Agora é bom para a nossa saúde? Esta crise pessoal relembrou-me do Jamie Oliver. Não sou fã número 1. Bolas, nem sou o 1.300.569. Mas ele produziu e apresentou uma série muito, muito interessante. O Jamie School dinners. Uma assustadora viagem à comida servida nas cantinas das escolas inglesas. A série é tão assustadora, mas tão assustadora, que o colapso da zona euro parece uma brincadeira de crianças inventada pelos media. Por isso, o Castelinho Encantado é pior do que qualquer escola inglesa ou americana? Não. É muito melhor. Mesmo assim, quando sentimos que do ponto de vista alimentar estamos a trilhar o mesmo caminho que ingleses e americanos é um sinal muito, mas muito preocupante. Para finalizar um pequeno exemplo, de como nos devíamos seguir pelo modelo Italiano em vez do Anglo Saxónico. O mesmo Jamie visita uma escola em Itália e questiona os miúdos sobre alguns vegetais. 100% de respostas corretas, como podem ver neste vídeo aos 6 minutos e 10 segundos . Já quando as faz aos ingleses, nem numa curgete conseguem acertar (aos 10 segundos) . Até podiam dizer pepino, que seria animador. Mas o mais perto que eles conseguiriam seria fish fingers and fries. Se acreditamos que as nossas crianças são únicas, então porque as tratamos do ponto de vista alimentar como caixotes do lixo? E porque se demitem os pais da missão de construir um arquétipo alimentar saudável e equilibrado para os seus filhos? E será a falta de tempo a desculpa para os matar?

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