Da terra do Croissant com amor.


Da terra de onde L.A.E nasceu, para engordar a estatística de pessoas com um futuro incerto e no limiar do analfabetismo, costuma-se usar uma expressão muito característica: Tanto alevanto para nada. Uma versão pé de chinelo do Shakespiriano “Much ado about notinhg.”
Tanto alevanto com os franceses e com o croissant, quando no fim das contas foram os austríacos a inventar esta iguaria, que L.A.E prefere sempre em versão salgada. Omitido fica o local para onde podem enviar o doce de ovos, o creme pasteleiro ou mesmo o chocolate. Mas conhecendo o nível deste blog, devem desconfiar para onde.
É tão pouco provável encontrar um bom croissant em Lisboa como encontrar informação coerente no wikipédia. Já nos Açores nem se fala, por comparação o Wikipédia é coisa que não existe.
Na incoerente versão do Wiki, com quem L.A.E se sente um peixe na água, a justificação para invenção do croissant é de morrer a rir. Não tem qualquer lógica, nem na causa, nem na consequência e até podiam estar a fazer ponto de cruz, que a história mantinha o significado de não explicar o nascimento do croissant.
Após um parto tão complicado, não admira a dificuldade que maneira geral todos têm em interpretar esta receita com cerca de 400 anos. O mais comum é vermos um pão de leite que tem forma de croissant. Um espécie de lobo vestido com pele de cordeiro.
Topa-se à distância. Como a falta de conhecimento é generalizada, L.A.E já ouviu uma tentativa audaz de explicar que aquele era outro tipo de croissant, creio que foi à americana o que disse aquele autêntico Einstein da farinha, ovos e sal.
1. Mentiu-me. 2. Se os americanos tivessem inventado outra forma de fazer um croissant que lhe chamassem outra coisa. Bolas, Whisky é só na Escócia, o bourbon deles chama-se whiskey para efeitos de exportação. (Como gosta L.A.E de se perder em justificação idiotas, é um pouco pão com a manteiga, nasceram um para o outro)
Manteiga é outra das atrocidades que vemos ser posta num croissant. Meu deus, será que não se sabe por aí que um bom croissant é feito com massa semi-folhada? Não sabem que o tal bom exemplar leva carradas de manteiga entre os folhos?
Pelo amor de Deus, um bom croissant é simples. E com algumas variações bem aceitáveis, como o queijo ou o presunto com tomate.
Com L.A.E de partida para Paris era importante deixar esta nota: Em Ponta Delgada só um local tem croissants: O Modelo. Estão no limiar de serem bons, no entanto, nota-se claramente que a qualidade dos ingredientes não é a melhor, pelas camadas de gordura que aparentam. Muitas vezes também não estão cozidos no ponto. Mas são os melhores. Cada um deles tem inclusive o peso certo: cerca de 50 gramas, o que equivale a 200 calorias. A coisinha mais light que agora me consigo lembrar, logo a seguir ao bacon.
A apresentação também não é a mais correcta, pois em vez de estar em forma de meia lua, apresentam-se como os croissants que vemos por todo o lado.
Por isso, se ainda não provaram, não só têm uma boa desculpa para não o terem feito, como têm uma boa desculpa para passar a fazê-lo.
O resto, é pão de leite. Muitas vezes com açúcar a mais, para disfarçar a porcaria que lá vai para dentro.
Em Lisboa, encontram os mesmo croissants no Modelo e no Continente, por isso os que temos em São Miguel, são filhotes de uma receita aceitável usada em todas as lojas a nível nacional.
Corre o rumor que o Belmiro de Azevedo, pessoa de gosto simples, mesmo assim fino no que a croissants diz respeito enviou um chefe pasteleiro de propósito a Paris para aprender a arte.
L.A.E desconfia desta história, porque Belmiro é uma pessoa exigente. Se o chefe voltou com a receita naquele ponto, de certeza que o teria enviado de novo para Paris, para aprender a segunda parte da receita, ou para o fundo de desemprego. Das duas uma.
Não tomou nenhuma das decisões e até certo ponto, dou-me por contente com o meio Croissant que vou conseguindo agarrar com regularidade.
Em Lisboa, para além daqueles supermercados já é mais fácil encontrar um bom exemplar, seco, folhado, crocante. Mas mesmo assim, não é proporcional à população ou à área geográfica. Diria que em São Miguel temos mais croissants per boca do que em Lisboa.
A diferença é que quando uma boca procura em Lisboa, tem mais opções de locais, mas principalmente sabe o que quer e o que é um croissant. Ao passo que uma boca em São Miguel leva com um pão de leite enrodilhado e bate as palminhas de contente.
A falta de conhecimento é assustadoramente profunda, ao ponto de saber que existe um local em Ponta Delgada que é bastante considerado pelos seus deliciosos croissants. Tudo certo, tirando a parte dos croissants.
Saber o que comemos devia ser uma prioridade. É o nosso corpo, é a nossa vida. L.A.E pode ser o maior incoerente como pessoa, como pseudo bloguista, mas dificilmente conhecerão uma pessoa com tanto critério sobre o que come e dá a comer.
Ao invés temos o exemplo, capa de revista para este caso, de uma senhora Channel que gosta muito de presunto. Estávamos numa prova de presuntos, com maravilhas da Andaluzia e Extremadura.

São presuntos que apresentam uma gordura, como que entrefolhada. O trabalhão que o criador teve para que aquele presunto saísse daquela forma, deixando o porco vaguear, comendo livremente maçãs e bolotas, não descurando nenhuma das fases, principalmente não descurando a cura.
Para a senhora aquela gordura estava a mais. Procurem, pesquisem, e descubram porque é que aquela gordura é das mais saudáveis que podemos e devemos comer. Para um bom degustador até se sentem as supramencionadas maçãs.
Mas para a senhora aquele presunto não a convencia. Refreado o ímpeto de pegar numa daquelas pernas e bater com ela no meia da cabeça da senhora Channel. Para quê estragar um bela perna pata negra, por um motivo tão parvo. Pese embora L.A.E se alimente dessas parvoíces, prefere claramente se alimentar de presunto.
No entanto, a mostarda subiu ao nariz e como estávamos num supermercado, dei dois passos até aos presuntos embalados, escolhi o mais rasco, mas com uma carne limpa, sem gordura aparente. Mas apenas a que não vemos, escondida em transgénicos, glutamatos e intensificadores (está tudo no rótulo, basta ler) e outros que tais para simular um remoto sabor a presunto. Foi ter com a senhora Channel e disse:
- A senhora vai gostar deste.
Fiz uma amiga a quem ainda persuadi a experimentar aquela rasca iguaria com um croissant/pão de leite.
Às vezes sentimo-nos inferiores a outros povos que são mais cultos, mais criteriosos e mais civilizados. Sentimo-nos assim porque é a realidade.
Mas hey! Temos o Cristiano Ronaldo e eles não.

Comentários

  1. bro, se estás em paris tens que ir à patisserie Aux Péches Normands. Os croissants deles sao divinais. Há um episódio do Gordon em que ele vai lá mostrar os gajos a fazerem os croissants.
    Aproveita bem a viagem!
    Abraço

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