Galeto Vs H3














Vamos ao reino do Hambúrguer. Pode parecer que não, mas um bom hambúrguer, ou em versão portuguesa: Bife Raspado, não é uma coisa fácil de fazer. Uma pizza à séria, incluindo fazer a massa, pode parecer mais complexo, mas é uma técnica bastante mais aritmética. Um Hambúrguer tem muito mais por onde falhar. Até porque há uma tendência para exagerar nos ingredientes que o compõem. Este é o primeiro segredo de Luis Anton Ego, o que não é posto no hambúrguer.
Segredo este partilhado pelos dois intervenientes no "death match" de hoje.
O H3 e o Galeto. A surpresa está num combate entre um peso pesado e vários pequenos anões, robustos e cheios de força. Wrestling for a burguer.
O H3 é filho de um restaurante simples e descomplexado, propriedade de um ex-colega de profissão, que agora decidiu dedicar-se a tempo inteiro ao Hambúrguer. Creio que um monte de carne picada já merecia este reconhecimento. O Café 3, servia uns hambúrgueres do lombo, que foram os melhores da cidade. Com uma decoração simples e acolhedora, mesmo com os quadros tipo teste de Rorschach, o serviço era bem aceitável, a garrafeira nem por isso.
Num destes dias, dei por mim com as ganas feitas para um, com molho holandês, ovo escalfado e espinafres. Bati com o nariz numa coisa chamada Baba Raton. Não sei se é assim que se escreve, mas nem me vou dar ao trabalho de investigar. Bolas, nem me dei ao trabalho de lá entrar, apesar da ementa semelhante, para quê me render à hipocrisia da investigação, só para ficar bem na fotografia? Quem chama a um restaurante uma coisa daquele género só merece uma fotografia desfocada. Fui ao Luca, que dizem que entretanto fugiu para o Brasil, mas que antes de se juntar ao popular grupo de exilados, liderado pelo Padre Frederico, era um dos best value for money de Lisboa.
Entretanto, aparece o franchising H3 o hambúrguer gourmet (como eu detesto a palavra. Não a origem, mas a natureza promíscua que a caracteriza hoje em dia. Mas, diz que vende). E parece mesmo vender bem. Num instante, parecem-se se reproduzir as suas lojas, qual salmonelas. No entanto, aquilo não é um restaurante. Como o Galeto também não é. Mas este não é o ponto de partida para o combate. (Vai ser rápido, por isso dá para perder tempo nestas fastidiosas introduções). O ponto de partida é que ambos servem dois bons hambúrgueres. Só que o Galeto é uma instituição decadente e o H3 é um franchising ascendente. Mas instituição é instituição. E franchsing é casa das maiores anormalidades. Quando Luis Anton Ego perguntou de que carne eram feitos os hambúrgueres, estas foram as respostas:
H3: 100% carne de novilho.
Galeto: Vazia.
Ó branquelas da Damaia, que trabalhas em part time no Colombo, ou quem não te soube instruir, novilho é o boi. (L.A.E é bruto) Tem não sei quantos cortes. Podes estar a servir 100% rabo de bói, que é novilho. Mas a culpa não é do branquelas. É de duas coisas: ou não teve boa formação, ou estão a esconder-nos a verdade. E a verdade é que não tem nada de mal com fazer um bife picado de alcatra ou acém. O que se esconde dentro do conceito de novilho?
Já no Galeto, foram prontos e arrogantes (confiantes). É vazia. Sabes o que é vazia? Lá está, para mim não é arrogância, é a confiança de várias gerações a virar bons hambúrgueres.
É claro que no H3, fui para o meu clássico, já acima descrito. Que encruzilhada! O ovo escalfado estava cozido. Albano, ovos talvez bem escalfados, mas horas a fio em água quente, só podia dar ovo cozido. Admira não dar pintainho. O molho holandês, só de o ver a ser servido, deu para perceber que não era holandês. Belga? Os espinafres bons. O hambúrguer em si, muito aceitável. Ok, bom. (Ora, era de novilho). E não sei se aquecia as batatas fritas às rodelas. Como são um pouco grossas, passam para lá do estaladiço quando arrefecem. Assumia isto de caras e servia a frio. E tirava o ovo escalfado do menú. É impossível conciliar rapidez de Mcdonald’s, com uma coisa que quando o garfo perfura, rebenta numa torrente de gema, sobre uma clara branca que faz ir às lágrimas a mother board de um computador, quanto mais L.A.E.
Quanto ao Galeto, por incrível que pareça, serve com a mesma rapidez. E creio que serve 3. Com fiambre e cebola frita, em 2ºlugar como albúm mais vendido depois do Thriller. Com ovo estrelado, e com molho de cogumelos. Tudo clássicos. Como instituição desleixada que é, hoje em dia sente-se, no molho, claramente a presença de caldo Knorr (outra grande instituição, ou casa de putas. Como preferirem). Mas o do ovo impecável. E o de fiambre com cebola frita, com meia de esparregado e batatas fritas é um H5 ao pé de qualquer H3. O preço não é assim tão diferente. E no fim da picada, o seviço do Galeto enfia um jab de esquerda e arruma o assunto ao segundo round. Quer um, quer outro são mal frequentados, por isso, o melhor é levar muita fome como escudo. Acordados do transe, é fugir com todas as forças.





Comentários

  1. Ó Homem.. então nem sequer segues os teus próprios conselhos? Molho Holandês em restaurante? nem sequer tente ( ou algo assim do género). LOL
    No H3 tudo o que for muita sofisticação .. perde. O melhor mesmo é por exemplo o TUGA ou o no pão ou ainda mesmo o grelhado.
    Para mim o H3 até pode ser feito de rabo de boi, mas parece-me que é feito de carne de bife pois a qualidade está lá.
    Do galeto só conhecia (outra instituição) o Prego que é tão ou mais famoso que o do gambrinus.

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  2. Caro Luis Anton,

    Por estas praias tropicais também também aportaram os tais hambúrgueres Gourmet , que o agora “nosso” querido Brillat- Savarin , o verdadeiro pai e pioneiro do entendimento da palavra Gourmet , deve estar, o pobre coitado a dar voltas no tumulo ,ao vê- la , livre , leve e solta por aí tal qual as moças de fino trato.
    Hambúrguer Gourmet ...era só o que faltava ...aliás hoje tudo e todos são gourmets, da mesma forma que não existem mais cozinheiros , todos são Chefs, do quê eu é que não sei ...
    Mas voltando ao assunto hambuguers a memória me obriga a ir até às Lajes,Base aérea,. quando fui apresentado ao dito cujo ,ainda de calças curtas e de imediato uma verdadeira e muito provavelmente a primeira paixão surgiu ...e desde então sigo na minha eterna busca do Hamburguer perfeito ....picado , moído ,sem temperos,com temperos, mal passado , no ponto , na grelha , na chapa , ou na brasa...enfim ficaria horas por aqui a explicar que a roda é redonda e que o mundo gira,...
    e Caro Luiz não quero lhe atrapalhar , pois imagino o quanto deva estar sendo “penoso” sua heróica peregrinação por uma Lisboa nem tão saborosa quanto prometia...kk
    Abraços

    Pedro Botelho

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  3. Não sei de atenua a incoerência ou não, mas ao fim de 7 dias sem cozinhar, a minha gula foi o pecado, e a barriga a vítima. Espero que ela me perdoe. Bem como os prezados leitores. Pelo sim, pelo não, já tomei banho e fui-me confessar.

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  4. Mestre, eu que destas coisas da cozinha sei muito pouco, apenas posso dizer que isto da carne é como o futebol. Fala-se muito dos brasileiros, mas os argentinos é que percebem disto. Carne da boa, sal, pimenta e nada mais.

    E o Messi dos hamburgers (Maradona se calhar é demais) mora ali num restaurante argentino muito frequentado aos fins de semana por criativos entalados em new business. Las Brasitas do pateo bagatela. Mas só implorando ao empregado. Não é fácil... mas não é impossível.
    Pedes ao senhor brasileiro com bigode à Mário Gil para te fazer um hamburger de vazia ou do lombo e choras como um menino.

    Abraço
    Patife

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  5. Que grande Patife. Eis que através de um new business, não só reduzes L.A.E a cinzas, como relembras parte da vida dele. Era reliogioso ir lá nos fins de semana de new business: fodasse estou outra vez entalado. Talvez por a carne ser tão boa, que fui sempre para o olho de bife, t-bone e outros clássicos. Mas quem faz uma carne destas, de certeza que faz um bom hambúrguer.
    As minhas desculpas vão ecoar até estarmos sentados os dois a trincar uma coisa destas! Abraço

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  6. Caro Pedro, partilhamos da mesma demanda pelo hambúrguer perfeito. É inacreditável as tentativas e as variáveis que já procurei introduzir. Num último acto de tabula rasa, piquei lombo à mão, fio de azeite, sal, pimenta preta. É quase um bife, mas depois não se cozinha bem como um bife, enfim. Tanto por onde errar. Há coisas que sei fazer mesmo muito bem. No hambúrguer, só a humildade está no máximo.

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  7. Caro Luis Anton Ego,

    não sou um principal fã de hamburger. na minha cabeça faz-me um bocado de confusão não por o bife, quando é bom, directamente no pão. acho o hamburger uma invenção pobrezinha de quem tinha um mau bife nas mãos( rica ideia). por isso convido-te a provar um prego do Lombo no JackPot. Fica em frente ao casino estoril e dá 10 a 0 ao do gambrinos.
    no entanto acho que há campo para explorar nos hamburgers. Por exemplo aproveitar que se está a triturar carne e colocar lá coisas. choriço; farinheira; salsicha;...
    o último hamburger que me satisfez, mais pela criatividade, foi um de farinheira servido pela taberna 2780.
    abraço q.b.

    MarcoLeal

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  8. Porra Marco, estamos tão velhos que temos de começar a tomar comprimidos para a memória. Então não comemos os pregos do jackpot? Mais do que uma vez. 10-0 nunca. E quando formos ao Gambrinus comer um prego, vou-te chatear de morte a tentar explicar as diferenças dos cinco a zero, ganha o Gambrinus. Quanto a variações de hamburguer's não podia concordar mais. Há muito espaço para o conceito de picado.

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  9. LOL que maravilha de crónica.

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  10. Não acho que o Galeto seja ''uma instituição decadente'' aliás pelos preços que cobram pelo contrário. Somente é um estabeleciemnto antigo e que de certa maneira até lhe dá uma certa pitada de saloon.

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