Restaurante Alma Vs Quinta Dos Frades.












K.O à subida para o ringue.

Nestes dois últimos dias tenho vivido com um enorme sentimento de ambiguidade. Passo a explicar. O possível.
Num dia, jantei num restaurante que era supostamente bom, e foi uma surpresa extraordinária. Logo, no dia seguinte jantei noutro restaurante supostamente bom, e foi um desastre completo. Desde o momento que passei pela porta de entrada, até voltar por lá passar, mas já na condição de porta de saída. Deus é grande.
A minha vénia ao Henrique Sá Pessoa, numa sala pequena, cheia de empregados, onde nenhum detalhe fica ao acaso. Como dizia num post anterior, o Henrique é um pouco sorumbático e monocórdico. Na televisão é bom para dormir. A trabalhar: uma máquina. Um profissional, sério, competente, conhecedor dos ingredientes, do seu potencial e das suas alquimias. Numa cozinha limpa a nível de ideias. Estruturada. Saí com a Alma imaculada e sem ter gasto muito dinheiro. Como tive a oportunidade de dizer: vim com o sentido crítico no máximo e saio com vergonha por ter sujado os pratos. Grande Henrique, grande Alma. (Abaixo já descrevo o menu)
No outro caso, pegando no momento da porta, fomos recebidos de modo pouco cordial. Não foi anti, mas também não foi pático. E aqui entram os pormenores que no Alma funcionaram e que na Quinta dos Frades estiveram ausentes. Ninguém nos arrumou os casacos, nem ninguém pediu se queríamos tomar alguma coisa. Comichoso? Sim! Quando o fazem na mesa ao lado. Se fosse standart procedure não dizerem nada, ok. Mas não, foi falha mesmo. Se a mesa ao lado fizer um post, deste ponto não se queixa, de certeza. E este foi o ponto alto do nosso jantar. A partir daqui foi sempre a descer. Numa sala semelhante ao Alma, tínhamos um empregado. Entradas quentes, que afinal eram frias, que afinal eram tépidas, que no final e depois de tanto equivoco, o empregado, encolheu os ombros e disse que tinha muita gente. (Para a próxima, quando tiverem muita gente, não aceitem a minha reserva, por favor. Opss, é verdade, não vai haver próxima. Pelo menos, um problema resolvido)
Depois já descreverei os pratos e o que pensei deles. No geral, e tal como tinha escrito num post anterior, sempre achei o Chef Chakal um palhaço. E ontem o palhaço pegou literalmente fogo ao circo. Enquanto no Alma se nota um cuidado enorme na composição e estrutura dos pratos, ali é mesmo número de circo, é colocar um monte de coisas no prato e rezar para que funcione. Verdade seja dita que o mundo do Henrique é mais fácil de controlar, do que o mundo Chakal, onde se insiste na mistura de doces com salgados, são muitas mais combinações e por isso, muitas mais hipóteses de erro. Assim sendo, só um grande alquimista consegue interpretar bem este código. Chakal não é um grande alquimista.
Chakal é um gajo com um turbante na cabeça, que tem um ar curtido, que fala esquisito, e que o mulherio acha graça. Ficava-me por aqui. Quanto ao Igor Martinho, que de certeza foi chefe cozinheiro do ano de 2009 por algum motivo, que acredito bem real, deixo um conselho: Despede-te já! Vais ao fundo com o chef do turbante.
Risotto servido com aro de apresentação? Risotto que segura sobre si próprio qual construção na areia? Ohhhhhh...meu deus! É bom que não entre aí malta do norte de Itália. É coisa para a ASAE italiana, ou algo do género vir por aí fora e fechar aquele boteco. Isto é literalmente destruir a instituição secular que é o Risotto.
Não me alongo muito mais, mas a frustração é infinita. Principalmente por este ponto: Estão os dois no mesmo patamar de preço. Mas um é bom, ou outro é mau. Mas como os dois são bem vendidos e frequentados, podem até ser comparáveis. Que enorme injustiça para o Henrique. Mas enorme mesmo.
Não merecemos o Henrique e infelizmente levamos com o Chakal.
A Alma de L.A.E chora.

















Restaurante Alma

1. Foccacia, lâminas de pão estaladiças com sementes de sésamo e pão caseiro e azeite. Era Azal. Deve ter acordo com a marca. Tudo 5 estrelas.

2. Creme de Cenoura com estragão. Muito bem estruturado a nível de sabor.

3. Vieras com puré de couve flor.
(Juro por tudo o que é mais sagrado, não o copiei, ignorava a existência deste prato no menu. E de certeza absoluta que ele não teve qualquer necessidade de me copiar. Mas fiquei ultra contente pela ideia e pelo prato que me foi apresentado. A minha receita mais abaixo)

3. Tataki de atum, com soja e caldo de galinha. (Brilhante)

4. Lombo de garoupa com feijoada de lulas, coentros e ameijoas. (Vou gastar a palavra brilhante. Do ponto de vista criativo e técnico)

5. Peito de Pato com puré de castanhas, salada de couve de Bruxelas, cenoura e bacon. (Gostei imenso, mas vindo da Garoupa)

6. Parfait de chocolate com banana, manteiga de amendoim e gelado de baunilha. (Aqui percebi, que eu o Henrique somos Almas gémeas do ponto de vista da conceptualização. Escusado será dizer que adorei.)

7. Brownie de chocolate com nozes, creme fraiche. E gelado de baunilha. (Vindo do 6, gostei. Mas o 6.)

8. Petit four de trufas de chocolate estaladiças por fora.

9. Ice Wine oferecido pela casa.

E da Quinta dos Frades, fica para a próxima. Seria degradante para o Henrique descrever aquela ementa no mesmo post que descrevi a do Alma.


Comentários

  1. o sá pessoa tem bom ar, mas só me imagino a provar os nºs 1 e 2, parte do 3 e do 4 e metade do 7...sou muito esquisita, eu sei :)

    ResponderEliminar
  2. Epá, mas já puxa carroça. Com fome não saías. E uma coisa é certa o ambiente proporciona muito boa conversa. Por isso, o intelecto também sai jantado.

    ResponderEliminar
  3. Que bom saber que ha uma grande diferença entre o " Fake " e a verdade
    Pelo pouco que sei duas referencias culturais e gastronomicas diferentes uma passagem pela Australia e outra magrebe são ambas coisas boas como fonte se inspiração mas a personalidade faz a atmosfera.
    Pelo que descreves o Restaurante começa antes de entrar.
    O melhor de uma ida ao restaurante é sentir que me dão atenção no que me leva ate la.
    O resto é um reflexo, ou no espelho ou na Alma.

    ResponderEliminar
  4. Já viste o chakal a picar uma cebola? eu uma vez vi, e temi pelas falanges (dele). Um desastre!
    PaPa

    ResponderEliminar
  5. Tens de ir ao Bocca. Acho que ias gostar. Não sei quem é o Chef. mas os pratos são muito bons e tem 1 carta de vinhos à altura.
    Bora lá hoje ao Alma ver se é tudo isso :D

    ResponderEliminar
  6. Critica de pegar lume.
    Mesmo num circo "deja" incendiado.

    ;-)

    ResponderEliminar
  7. Já meti a minha Bocca lá duas vezes e gostei. Excelente garrafeira. Quanto ao lume, tive umas concordâncias inesperadas aquando da segunda visita ao restaurante Alma.
    Para fechar, ver o Chakal a picar uma cebola, é matéria a aparecer nos apanhados da TV.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

A sua opinião é importante para nós. Por favor, aguarde, todos os nossos postos de atendimento estão ocupados de momento. Por favor, tente mais tarde.