Como veio aqui parar o Gordon Ramsay em vez da viagem a Veneza e o jantar no restaurante com estrelas no Guia Michelin?



















Simples. O meu portátil, que continha o post já escrito, morreu como um desportista em campo. Tinha 4 meses o bebé. A inconformação é geral, mas o post será uma certeza. E tal como se consegue solucionar um molho holandês partido, deste portátil arruinado se fará pelo menos um post. O tal. Espero que Veneza ainda lá esteja nessa altura, diz que está por fios de ovos. E aqui chegamos a Gordon Ramsay.
Este é talvez o post mais pop até ao momento, mas é a vida. Todos nós chegamos a casa cansados, todos temos dias maus, ou pura e simplesmente todos nós gostamos de desligar um pouco. Como Luis Anton Ego não é muito dado a Dr. House Grey Lost In Californication with Friends 24 hours and 6 Feet Under, prefere programas de culinária.
Para desviar, desde já, esta do caminho, vi muito Jamie Oliver, como vi muitas outras coisas. Simpatizo com o rapaz, mas Gordon Ramsay faz-me as delícias como TV Chef. É bronco, bruto, mal criado, um clássico tecnicamente, rude e outra vez mal criado. Mas L.A.E gosta dele. Principalmente nas versões não censuradas que se conseguem da Amazon. (ou outro site qualquer, não me pagam para tal. Eu mando vir dali). Em 5 palavras, ele consegue dizer 7 palavrões. Sim, é possível. E quem está habituado à hierarquia militar da cozinha sabe que é possível. Não é um chef que vou deixar aqui como uma grande referência, mas é um chef que me distrai. Sem querer lançar a farpa a Henrique Sá Pessoa (sorumbático), Hélio Loureiro (igualmente sorumbático), Chakcall (palhaço) e Bento dos Santos (Um querido, mas para 99% das pessoas, talvez um chato), em Portugal, são os que têm mais tempo de antena na TV. Vejo-os a todos, respeito todos e também tenho a minha opinião, como viram. Mas nenhum destes, ou outros por aí fora, parece viver a cozinha com aquela intensidade.
Outro ponto, que acredito ser extremamente interessante, e aí talvez formativo, principalmente para donos de restaurante é o Gordon Ramsay's Kitchen Nightmares. Recomendo vivamente a todos os proprietários. É uma espécie de documentário/desafio. Ele vai ao encontro de restaurantes que estão menos bem. Alguns deles, com estrelas Michelin, outros perfeitamente normais. E talvez por perceber tão bem o negócio, ele consegue, com enorme frieza e objectividade, apontar o problemas de forma exacta. Quase científica. E os problemas são sempre diversos. Hoje é porque o chef é uma merda. Amanhã é porque o serviço é (bom, recuso-me a ir por aí abaixo), outro porque os donos perdem o foco, e na ânsia de salvar o naufrago, afogam-no. Vê-se muito do desespero. Desespero que evoca a falta de lógica e coerência. Uma lição de como não perder o negócio e dar a volta por cima, mas sem fórmulas mágicas.
E aqui assiste-me toda a razão pela qual L.A.E escreve este blog e que me faz pensar que este é um post muito melhor do que outro que ficou no molho partido de macintosh. É disto que tenho que falar. Nem que seja a única voz, (leia-se chato) eu vou estar aqui numa perspectiva de crítica construtiva. A nossa restauração (Açores) está no limiar de não existir. Morremos por não evoluir e modernizar, ao mesmo tempo que morremos por não termos a bagagem da tradição e de algum legado gastronómico. Agarrámo-nos a 3/4 coisas e todo o resto ficou esquecido. Não existe uma geração transitória entre os novos e os antigos.
Não existe massa crítica, com capacidade e critério para fazer evoluir o negócio. Somos gente de comida de conforto. E o resto, bom o resto é Nouvelle Cuisine.
O problema é que nem a tasca mais tradicional, onde se come o melhor peixe do mundo, há muitas coisas que não funcionam. Tal como novos restaurantes, que aspiram a algo mais, não funcionam a 100%. Lá está, ou falham pelo chef, pelo serviço, pela falta de foco da filosofia, ou pura e simplesmente por desespero. (Ainda havemos de relatar: Uma noite de fados num restaurante italiano)
Por isso, contem comigo para duas coisas. 1. Luis Anton Ego insistirá nesta coisa de ser chato. 2. Estarei aqui, qual Dra Joyce Brothers, para ajudar a construir. A utopia: se milhares de pessoas vão a um sítio remoto como Girona, para jantar, porque não o poderiam vir fazer aqui, onde temos igualmente uma grande riqueza de matérias primas? Não vou voltar a falar do peixe.

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